O que mais estarrece neste episódio envolvendo a transferência ilegal, por parte do TSE, de dados sigilosos de mais de 140 milhões de pessoas à SERASA, empresa privada de análise de concessão de crédito, é o fato de a Ministra Carmen Lúcia, presidente do TSE, ter tomado conhecimento do fato aparentemente pela imprensa.
Certamente o caso, associado ao by-pass sofrido pela autoridade máxima da instituição, possui os ingredientes necessários para afetar a confiança do eleitor brasileiro em relação à certeza de que seu voto é direcionado ao candidato soberanamente por ele escolhido.
Assim, acredita-se ser necessário que o TSE demonstre à sociedade, já meio inquieta em relação à urna eletrônica, que está tentando aperfeiçoar e modernizar o sistema de apuração e, simultaneamente, puna os arquitetos de um acordo que divulga, não se sabe com que objetivo, dados sigilosos sem o conhecimento das pessoas afetadas e muito menos da presidência, a verdeira responsável.
A propósito, é a segunda vez que Marco Aurélio Mello, vice presidente do TSE e Ministro do STF, aparentando surpresa, afirma que o país está vivendo "tempos estranhos". A primeira ocorreu em maio de 2012, por ocasião do furtivo e até hoje pouco esclarecido encontro do ex-presidente Lula com o Ministro Gilmar Mendes, com o objetivo de negociar o adiamento do julgamento do mensalão.
Se Marco Aurélio, do alto de sua autoridade, recorrentemente considera estranhos os tempos, o cidadão comum provavelmente os vê macabros.
Outros tempos tão ou mais estranhos estarão por vir?
Tudo indica que sim.
09 de agosto de 2013 Paulo Roberto Gotaç é Capitão-de-mar-e-guerra – reformado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário