Crescimento econômico do Brasil: fomos enganados
Hoje li a nova carta do IBRE (Não será mais possível crescer sem melhorar a produtividade – clique aqui) e terminei muito assustado. O IBRE-FGV nos últimos anos, nas suas carta, sempre destacava que, apesar dos nossos tradicionais problemas, parte deles era passível de solução no curto-prazo.
Por exemplo, se fala muito, eu inclusive, que a baixa poupança seria um problema ao crescimento do Brasil. Meus amigos do IBRE sempre me alertavam para duas coisas:
Hoje li a nova carta do IBRE (Não será mais possível crescer sem melhorar a produtividade – clique aqui) e terminei muito assustado. O IBRE-FGV nos últimos anos, nas suas carta, sempre destacava que, apesar dos nossos tradicionais problemas, parte deles era passível de solução no curto-prazo.
Por exemplo, se fala muito, eu inclusive, que a baixa poupança seria um problema ao crescimento do Brasil. Meus amigos do IBRE sempre me alertavam para duas coisas:
(i) o problema era muito mais a baixa taxa de investimento;
e (ii) o resto do mundo poderia nos financiar – poderíamos nos aproximar um pouco do modelo australiano.
Há pouco mais de dois anos nós economistas achávamos que crescer 4% ao ano ao longo dos próximos dez anos com taxa de investimento de 22% do PIB e déficit em conta corrente na casa de 3-4% do PIB era um cenário possível. Há dois anos atrás esse era o cenário do Banco Itaú e, quem esteve na ANPEC, em dezembro de 2011, escutou muito economista bom falar desse cenário. Em dezembro de 2011, escrevi aqui neste blog que fiquei para lá de espantado com otimismo que vi de alguns dos meus colegas mais liberais na ANPEC 2011 e até fiz um post com o título “parabéns aos heterodoxos” que se mostravam muito mais preocupados e pessimistas (clique aqui). Bom, tudo isso mudou para PIOR. A nova carta do IBRE mostra que o crescimento potencial do Brasil despencou. Se olharmos apenas para o efeito demográfico, ele nos garantiu um crescimento mínimo (sem ganhos de produtividade) de 2% ao ano de 1992-2012. De 2002 a 2012 crescemos mais rápido (3,5% ao ano) porque, além do efeito demográfico, tivemos crescimento da produtividade.
Esse mundo que ainda era róseo para nós economistas na ANPEC de 2011 (já não era tão róseo para mim) mudou completamente e a carta do IBRE parece nos deixar em um beco sem saída para os próximos anos. Do lado demográfico, acabou o bônus demográfico (forca de trabalho cresce a uma taxa acima do crescimento da população) e, assim, a nossa possibilidade de crescer sem produtividade foi reduzida de 2% de 1992-2012 para 1% aa entre 2012 e 2022. Para agravar essa situação, a carta do IBRE fala em “limite para a taxa de investimento subir acima de 20% ao ano dada a nossa baixa taxa de poupança”. Assim, a nossa única tábua de salvação seria o crescimento da Produtividade Total dos Fatores (PTF). Mas para a PTF crescer é preciso uma série de reformas (simplificação tributária, racionalização do processo produtivo, absorção de tecnologia, etc.) e melhoria na qualidade do capital humano (melhoria educação) cujos efeitos não são imediatos.
Assim, o cenário que sai da carta do IBRE (a mais pessimista que já li desde 2004) é que teremos a década de 2012-2022 de baixo crescimento – chuto que nesse cenário 2% ao ano já seria um “grande sucesso”- sem muita coisa que um próximo governo possa fazer a não ser reformas (cujo impacto não é imediato) para “setting the stage” para um crescimento mais vigoroso para o final da década em diante.
Não será uma década literalmente perdida como foi a década de 1980, mas será um década de crescimento medíocre com o PIB per capita crescendo perto de 1% ao ano. O que vou apostar aqui é que meus amigos do IBRE estão excessivamente pessimistas e olhando meio de lado para o cenário externo. Quem sabe se a China crescer um pouco mais e a Índia fizer lá as reformas que não conseguimos fazer aqui cresceremos um pouquinho mais?
O que pode nos deixar um pouco mais otimista é que economistas (eu inclusive) erramos muito – por isso que a grande maioria de nós não é rico. Repito, o fim do bônus demográfico não é um fator novo, mas há dois anos a grande maioria dos economistas apostavam em crescimento de 3,5% a 4% ao ano até 2020 – maldita ANPEC, 2011!
Em resumo, muitos economista parecem agora convergir para “tempestade perfeita” que vai trazer o crescimento do Brasil para os próximos dez anos para baixo e só nos resta atuar sobre os fatores que afetam a PTF – que não traz impacto imediato. Eu confesso que ainda não estou tão pessimista, mas vou passar um final de semana preocupado com o que li na carta do IBRE e hoje vou tomar um bom whisky.
Há pouco mais de dois anos nós economistas achávamos que crescer 4% ao ano ao longo dos próximos dez anos com taxa de investimento de 22% do PIB e déficit em conta corrente na casa de 3-4% do PIB era um cenário possível. Há dois anos atrás esse era o cenário do Banco Itaú e, quem esteve na ANPEC, em dezembro de 2011, escutou muito economista bom falar desse cenário. Em dezembro de 2011, escrevi aqui neste blog que fiquei para lá de espantado com otimismo que vi de alguns dos meus colegas mais liberais na ANPEC 2011 e até fiz um post com o título “parabéns aos heterodoxos” que se mostravam muito mais preocupados e pessimistas (clique aqui). Bom, tudo isso mudou para PIOR. A nova carta do IBRE mostra que o crescimento potencial do Brasil despencou. Se olharmos apenas para o efeito demográfico, ele nos garantiu um crescimento mínimo (sem ganhos de produtividade) de 2% ao ano de 1992-2012. De 2002 a 2012 crescemos mais rápido (3,5% ao ano) porque, além do efeito demográfico, tivemos crescimento da produtividade.
Esse mundo que ainda era róseo para nós economistas na ANPEC de 2011 (já não era tão róseo para mim) mudou completamente e a carta do IBRE parece nos deixar em um beco sem saída para os próximos anos. Do lado demográfico, acabou o bônus demográfico (forca de trabalho cresce a uma taxa acima do crescimento da população) e, assim, a nossa possibilidade de crescer sem produtividade foi reduzida de 2% de 1992-2012 para 1% aa entre 2012 e 2022. Para agravar essa situação, a carta do IBRE fala em “limite para a taxa de investimento subir acima de 20% ao ano dada a nossa baixa taxa de poupança”. Assim, a nossa única tábua de salvação seria o crescimento da Produtividade Total dos Fatores (PTF). Mas para a PTF crescer é preciso uma série de reformas (simplificação tributária, racionalização do processo produtivo, absorção de tecnologia, etc.) e melhoria na qualidade do capital humano (melhoria educação) cujos efeitos não são imediatos.
Assim, o cenário que sai da carta do IBRE (a mais pessimista que já li desde 2004) é que teremos a década de 2012-2022 de baixo crescimento – chuto que nesse cenário 2% ao ano já seria um “grande sucesso”- sem muita coisa que um próximo governo possa fazer a não ser reformas (cujo impacto não é imediato) para “setting the stage” para um crescimento mais vigoroso para o final da década em diante.
Não será uma década literalmente perdida como foi a década de 1980, mas será um década de crescimento medíocre com o PIB per capita crescendo perto de 1% ao ano. O que vou apostar aqui é que meus amigos do IBRE estão excessivamente pessimistas e olhando meio de lado para o cenário externo. Quem sabe se a China crescer um pouco mais e a Índia fizer lá as reformas que não conseguimos fazer aqui cresceremos um pouquinho mais?
O que pode nos deixar um pouco mais otimista é que economistas (eu inclusive) erramos muito – por isso que a grande maioria de nós não é rico. Repito, o fim do bônus demográfico não é um fator novo, mas há dois anos a grande maioria dos economistas apostavam em crescimento de 3,5% a 4% ao ano até 2020 – maldita ANPEC, 2011!
Em resumo, muitos economista parecem agora convergir para “tempestade perfeita” que vai trazer o crescimento do Brasil para os próximos dez anos para baixo e só nos resta atuar sobre os fatores que afetam a PTF – que não traz impacto imediato. Eu confesso que ainda não estou tão pessimista, mas vou passar um final de semana preocupado com o que li na carta do IBRE e hoje vou tomar um bom whisky.
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