"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 6 de março de 2012

RADICAIS DA "PRIMAVERA ÁRABE" ISLÂMICA RECEBEM APOIO DO GOVERNO DOS EUA

(WORLD News Service) — Na última vez que vimos uma região tirânica inteira do mundo desmoronar, podíamos mencionar os heróis e os momentos que impeliram o acontecimento:

Um eletricista chamado Lech Walesa pulando um muro no estaleiro de Gdansk, na Polônia. Boris Yeltsin em cima de um tanque em frente à Casa Branca russa, desafiando a antiga guarda comunista em 1991. O pastor Laszlo Tokes recusando uma ordem de despejo do seu apartamento na Romênia enquanto uma multidão de manifestantes se juntava. Um dramaturgo chamado Vaclav Havel diante de uma sessão conjunta do Congresso, dando um discurso em tcheco citando a Declaração de Independência dos EUA.

Esses homens não eram perfeitos, mas executaram atos corajosos em momentos importantes da história. Eles ajudaram os ocidentais a encontrar um denominador comum com uma parte do mundo bloqueada da vista até a queda do Muro de Berlin, por trás de línguas e costumes estranhos e uma história abafada.

Agora, 15 meses depois do começo das revoluções no Oriente Médio, onde estão os heróis da Primavera Árabe?

O intelectual egípcio Essam Abdallah tem uma razão provocante pela qual não surgiu nenhum herói da democracia: Os grupos islâmicos de pressão política nos EUA, os quais contam com a atenção da Casa Branca, garantiram que não houvesse nenhum.
“A opressão mais drástica das sociedades civis na região e da Primavera Árabe não é por meio de armas, ou sequer acontece no Oriente Médio. Ela não é levada a cabo por Kadafi, Mubarak, Bin Ali, Saleh ou Assad. Ela é liderada por poderosos grupos de pressão política em Washington”, afirma Abdallah, professor da Universidade de Ain Shams no Egito, que escreve para a publicação pan-árabe Elaph.
Abdallah afirma que alguns meses após o início da Primavera Árabe, ele e outros defensores da liberdade se deram conta de que “os poderes do Ocidente e do governo de Obama colocaram seu apoio por trás dos novos ditadores”.

Por meio das suas representações nos EUA, a Irmandade Islâmica, o partido islâmico Nahda da Tunísia, o Partido da Justiça de Marrocos e o Conselho Nacional de Transição, das milícias islâmicas líbias, têm recebido apoio sistemático dos EUA, escreve Abdallah, “a custa das reais forças liberais e seculares”. Ele afirma que os representantes incluem Dalia Mogahed, conselheira do presidente em assuntos muçulmanos e membro do Conselho Presidencial de Assuntos de Fé e Parcerias Comunitárias; John Esposito, professor de Assuntos Internacionais e Estudos Islâmicos na Universidade de Georgetown, e lobistas do Conselho para Relações Islâmicas Americanas (Council on American Islamic Relations, CAIR), o Conselho de Assuntos Públicos Islâmicos, e a Sociedade Islâmica da América do Norte.

“O bloco de regimes e organizações agora está se tornando o maior lobby islâmico que já penetrou e se infiltrou na Casa Branca, no Congresso, no Departamento de Estado e nos principais centros de tomada de decisão do governo americano”.

E como que para provar o argumento de Abdallah, o diretor do FBI Robert Mueller se encontrou no dia 8 de fevereiro com vários desses grupos para confirmar que a maior agência de segurança pública do país, sob diretrizes não publicadas do procurador-geral Eric Holder, removeu mais de 1000 apresentações do programa de treinamento do FBI sobre o islã considerados “ofensivos” e “racistas” pelos grupos, incluindo o uso dos termos “islã radical” e “jihad”.

Em janeiro, o Departamento de Polícia de Nova Iorque, sob pressão implacável do CAIR, parou de mostrar um documentário chamado A Terceira Jihad no seu programa de treinamento antiterrorista.

Se você traçar as quedas na Tunísia, no Egito, na Líbia e talvez chegando à Síria, encontrará momentos iniciais de determinação individual (Mohamed Bouazizi na Tunísia, Wael Ghonim no Cairo) rapidamente abafados pela violência e pelo caos de extremistas muçulmanos se escondendo cada vez menos atrás dos defensores da liberdade mais seculares. E você também verá que a Casa Branca fez silêncio nos momentos iniciais importantes. Na Tunísia, no Egito, no Iêmen, na Líbia e na Síria, não antes que as revoluções se tornassem islâmicas e extremistas (um sinal: quando motins de muçulmanos atacaram cristãos e suas igrejas), o presidente Obama interveio, tomou o lado do motim e pediu a saída do governo.

E no que continua sendo uma das maiores revoltas populares no mundo islâmico, o movimento verde do Irã em 2009, Obama nunca pediu a saída do regime. Coincidentemente, as ruas também continuaram nas mãos de uma oposição organizada e legítima (que Obama em determinado momento afirmou que “não era tão diferente do que fora publicado” pelos que estavam no poder), pelo menos até que o exército dos aiatolás os reprimisse brutalmente.

Quando a poeira tiver baixado e a história for escrita, os americanos, que deveriam estar narrando contos de heróis, terão em vez disso um conto de cumplicidade pelo qual prestar contas.

Mindy Belz
06 de março de 2012
Mindy Belz é editora da revista WORLD, onde o artigo foi originalmente publicado.

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