Feriados, feriadinhos e feriadões ajudam muito para quem gosta de procurar coisas há algum tempo escritas e, quase sempre, encontradas em locais surpreendentes.
Foi o que ocorreu comigo ao reencontrar um texto que fiz ainda na Itália e que se foi enviado para alguém não me lembro.
E como hoje é segunda-feira nada melhor do que fazer uma nova revisão e colocá-lo a disposição de quem passeia por aqui. Assim sendo, vamos à reprise ou primeira edição.
“As cidades invisíveis” é o titulo do livro de Ítalo Calvino, traduzido por Diogo Mainardi, da coleção idealizada e desenvolvida por Mifano Comunicações – Brasil e Mediasat Group – Espanha, Volume 21 da Biblioteca Folha, Folha de S.Paulo
Conheci a obra de Ítalo Calvino há alguns anos por meio de Stefânia Chiarelli que elaborou sua tese de Mestrado em Literatura na Universidade de Brasília (UnB) sobre a obra do escritor nascido em Cuba em 1923, “... por onde seus pais, cientistas italianos, estavam de passagem.
Sua infância foi em San Remo, Itália”, é o que me diz a orelha do livro. E nos livros, todos nós sabemos, as orelhas falam. E desde então continuo carregando os livros de Calvino por onde vou.
Como não tenho bala na agulha para bancar o analista literário, limito-me a reproduzir um trecho do livro As cidades invisíveis.
Na verdade, a cada cidade que passo e vejo gente nas ruas e praças algum sentimento como o que o dialogo transmite me sacode.
É evidente que não tive cabeça para transmitir o sentimento. Confesso que Calvino o fez por mim.
O trecho é o que se e segue reproduz um diálogo entre Kublai Khan e Marco Pólo:
“Marco entra numa cidade; vê alguém numa praça que vive uma vida ou um instante que poderiam ser seus; ele poderia estar no lugar daquele homem se tivesse parado no tempo tanto tempo atrás, ou então se tanto tempo atrás numa encruzilhada tivesse tomado uma estrada em vez de outra e depois de uma longa viagem se encontrasse no lugar daquele homem e daquela praça.
Agora, desse passado real ou hipotético, ele está excluído; não pode parar; deve prosseguir até outra cidade em que outro passado aguarda por ele, ou algo que talvez fosse um possível futuro e que agora é o presente de outra pessoa.
Os futuros não realizados são apenas ramos do passado: ramos secos.”
“-Você viaja para reviver o seu passado? – era, a esta altura, a pergunta do Khan, que também poderia ser formulada da seguinte maneira: - Você viaja para reencontrar o seu futuro?”
E a resposta de Marco: “- Os outros lugares são espelhos em negativo. O viajante reconhece o pouco que é seu descobrindo o muito que não teve e o que não terá”. 10 de abril de 2012
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