ESPERANDO SER CASSADO
Badger Silveira, governador do antigo Estado do Rio, irmão de Roberto Silveira, secretário-geral do PTB e ex-governador que morreu no meio do mandato em desastre de helicóptero, entrou em pânico desde o primeiro dia do golpe de 64 e ficou esperando ser cassado.
O general Castelo Branco tomou posse na Presidência, ele foi ao Palácio do Planalto, pôs-se na ante-sala e ficou triste, nervoso, esperando, tomando chá de cadeira. Chegou Aluisio Alves, governador udenista do Rio Grande do Norte, Badger começou a queixar-se:
- Há muita intriga contra mim. Meus inimigos querem me tirar de qualquer jeito. Há militares lá em Niterói fazendo horrores. Vim consultar o presidente. Não agüento mais essa guerra de nervos.
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BADGER SILVEIRA
Chamaram, ele entrou, ficou meia hora, saiu sorrindo. Aluisio queria saber:
- Como é que foi?
- Ótimo. Uma beleza. O general é um homem maravilhoso. Recebeu-me muito bem, carinhosamente. Disse que eu voltasse tranqüilo. A decisão é dele e ele já tomou. Eu fico, com a cobertura dele.
Aluisio entrou:
- Presidente, encontrei o Badger todo feliz com a conversa com o senhor.
- Pois é. Alguns acham que ele é contra a revolução. Outros, que está fingindo de apoiar. E outros que, de qualquer maneira, deve ser derrubado, por ser do PTB. Não tem jeito para ele.
Três dias depois, Badger foi cassado. Por Castelo, a sua cobertura.
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ESTEPE PARA PNEU FURADO
Quando o senador Petrônio Portela, emissário do presidente Geisel, desceu no aeroporto brumado de Curitiba, numa manhã fria de maio de 74, para escolher o novo governador do Paraná, os jornais traziam nas manchetes a declaração do poderoso ministro da Educação, Ney Braga:
- Não uso estepe para pneu furado. Só tenho um candidato, Jaime Canet.
E o governador nomeado foi mesmo Jaime Canet, apesar de toda a Arena do Paraná querer seu presidente, o senador Acioly Filho. Para o Senado, o candidato mais forte, que a grande maioria da Arena também queria, era o ex-governador Paulo Pimentel. Ney vetou. Indicou João Mansur, um milionário e folclórico deputado estadual, que falava assim:
- Dizem que não fiz nada em Irati, quando fui prefeito em minha terra. De fato, asfaltejar não asfaltejei. Mas paralelepipedei a cidade toda.
Perdeu para Francisco Leite Chaves, jovem advogado do Banco do Brasil e ex-líder estudantil da Paraíba, do MDB de Londrina. E que não era estepe para pneu furado.
O general Castelo Branco tomou posse na Presidência, ele foi ao Palácio do Planalto, pôs-se na ante-sala e ficou triste, nervoso, esperando, tomando chá de cadeira. Chegou Aluisio Alves, governador udenista do Rio Grande do Norte, Badger começou a queixar-se:
- Há muita intriga contra mim. Meus inimigos querem me tirar de qualquer jeito. Há militares lá em Niterói fazendo horrores. Vim consultar o presidente. Não agüento mais essa guerra de nervos.
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BADGER SILVEIRA
Chamaram, ele entrou, ficou meia hora, saiu sorrindo. Aluisio queria saber:
- Como é que foi?
- Ótimo. Uma beleza. O general é um homem maravilhoso. Recebeu-me muito bem, carinhosamente. Disse que eu voltasse tranqüilo. A decisão é dele e ele já tomou. Eu fico, com a cobertura dele.
Aluisio entrou:
- Presidente, encontrei o Badger todo feliz com a conversa com o senhor.
- Pois é. Alguns acham que ele é contra a revolução. Outros, que está fingindo de apoiar. E outros que, de qualquer maneira, deve ser derrubado, por ser do PTB. Não tem jeito para ele.
Três dias depois, Badger foi cassado. Por Castelo, a sua cobertura.
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ESTEPE PARA PNEU FURADO
Quando o senador Petrônio Portela, emissário do presidente Geisel, desceu no aeroporto brumado de Curitiba, numa manhã fria de maio de 74, para escolher o novo governador do Paraná, os jornais traziam nas manchetes a declaração do poderoso ministro da Educação, Ney Braga:
- Não uso estepe para pneu furado. Só tenho um candidato, Jaime Canet.
E o governador nomeado foi mesmo Jaime Canet, apesar de toda a Arena do Paraná querer seu presidente, o senador Acioly Filho. Para o Senado, o candidato mais forte, que a grande maioria da Arena também queria, era o ex-governador Paulo Pimentel. Ney vetou. Indicou João Mansur, um milionário e folclórico deputado estadual, que falava assim:
- Dizem que não fiz nada em Irati, quando fui prefeito em minha terra. De fato, asfaltejar não asfaltejei. Mas paralelepipedei a cidade toda.
Perdeu para Francisco Leite Chaves, jovem advogado do Banco do Brasil e ex-líder estudantil da Paraíba, do MDB de Londrina. E que não era estepe para pneu furado.
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