É impressionante o que está acontecendo com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Os parlamentares evitam serem fotografado a seu lado, na semana passada ele forçou uma barra e conseguiu apertar as mãos de alguns deles, foi uma feta. Na verdade, não tem mais amigos no Congresso, a solidão é constrangedora. E seu caso se complica cada vez mais..
Na terça-feira, ele perdeu as duas únicas testemunhas de defesa no processo de cassação no Conselho de Ética do Senado. Primeiro, foi o advogado Ruy Cruvinel, que recusou o convite para ajudar a defender o senador.
Logo depois da prisão de Carlinhos Cachoeira, um jornal de Goiânia teria publicado que Cruvinel, ao ser preso, teria dito que Demóstenes era sócio do contraventor. A notícia foi usada contra o senador, é claro, mas depois o próprio Cruvinel teria afirmado que nunca fora preso e nem teria dito nada sobre Demóstenes.
“Isso foi usado pelo Ministério Público. Mas em uma nota o advogado dele disse que ele nunca foi preso e nem conhece o senador. Isso mostra que em um processo midiático como esse as coisas crescem mesmo não sendo verdade”, justificou Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, defensor de Demóstenes.
Convidado a depor em favor de Demóstenes, Ruy Cruvinel, um advogado de Goiás que não tem envolvimento claro no caso, informou por ofício ao Conselho de Ética que, como não era obrigado a comparecer, preferia preservar sua privacidade e a da sua família.
Depois, os advogados do contraventor Carlinhos Cachoeira informaram que ele também não irá defender Demóstenes, que está mais sozinho do que nunca.
A avaliação do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos é de que, se Cachoeira desse declarações ao Conselho, poderia produzir provas contra si. Ou seja, Cachoeira vai atirar o velho amigo às feras, em pleno circo, com a platéia lotada.
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DEMOSTENES VAI SE DEFENDER
O depoimento do senador foi remarcado para a próxima terça-feira, às 9h30 da manhã. Inicialmente seria na segunda-feira à noite, às 18h. Kakay confirmou que Demóstenes vai fazer sua defesa. “Ao Conselho de Ética acho que ele tem que vir. Acho que ele tem que prestar satisfação a seus pares”, afirmou.
O advogado ainda espera que o relator Humberto Costa (PT-PE) decida sobre um pedido que fez, de perícia nas gravações feitas pela Polícia Federal de conversas entre membros do grupo de Cachoeira e o Demóstenes. Ele alega que há deturpações nas transcrições que prejudicam o senador.
“Seria importante que isso fosse feito antes do depoimento dele. Eu tenho motivações jurídicas para ir ao Supremo. Mas tomo as minhas decisões consultando o senador Demóstenes. Vou ouvi-lo para decidir o que fazer. Sem o acesso à perícia, seria o caso de bater às portas do Supremo”, disse o advogado, afirmando que houve manipulação nos áudios pela Polícia Federal, com trechos de gravações que fogem ao contexto – o que prejudica Demóstenes.
“Nós ouvimos um perito que aponta irregularidades sérias nas gravações. Queremos que o conselho ouça um perito assistente”, disse.
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