Apesar de a pizzarice petralha estar operando a pleno vapor no Congresso, tudo indica que pode se reafirmar a velha tese de que “CPI todo mundo sabe como começa, mas nunca como acaba (mal)”. Revelações sobre o uso de uma rede de “laranjas” para abastecer o esquema de Carlinhos Cachoeira com muita grana desviada da Delta Construções servem de motivo objetivo para a quebra dos sigilos bancários e fiscal da empreiteira, a partir de sua sede no Rio de Janeiro. A turma chapa-branca da CPI começa a ver a coisa muito preta...
Era tudo que não queriam o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e demais parceiros dos governadores Sérgio Cabral Filho (RJ), Marconi Perillo (GO) e Agnelo Queiroz (DF). Dese ontem, já começaram as negociaçõe$ para impedir que sejam aprovados, na terça-feira que vem, os requerimentos de convocação dos três políticos. PT, PSDB e PMDB também trabalham para impedir que a sessão de terça da CPI escancare as contas nacionais da Delta. Por enquanto, quem está jogando uma cachoeira de água no forno da pizza da CPI é o senador Pedro Taques (PDT-MT).
O escândalo Cachoeira já começa a transformar em torneirinha o esquema do Mensalão – que será julgado pelo foro privilegiado do Supremo Tribunal Federal. Uma investigação mais séria pode revelar os verdadeiros esquemas de corrupção por trás de muitos políticos que posam de sérios. O grande temor da petralhada e seus companheiros peemedebistas é que a desgraça de Cachoeira deságüe em quem recebia, de verdade e de forma indireta, a grana desviada de grandes obras públicas. A Delta era a principal empresa do PAC, cuja mãe é a Presidenta Dilma e o padrasto, lógico, era Luiz Inácio Lula da Silva. Engraçado é como só Cachoeira apareça como o “filho da mãe” de uma grande famiglia mafiosa...
Até agora, a informação mais comprometedora é um laudo de Perícia Criminal Federal Contábil Financeiro número 1833/2011, assinado pelos Peritos Guilherme Puech Bahia Diniz e Marden Jorge Fernandes Rosa, revela que ocorreram pelo menos cinco transferências realizadas por Geovani Pereira da Silva, o contador ainda sumido de Cachoeira, para o escritório do ex-procurador geral da República, Geraldo Brindeiro. Foi confirmado um repasse de R$ 161.279,85 ao escritório Morais, Castilho e Brindeiro Sociedade de Advogados.
Investigações da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, reuniram provas objetivas de que o caixa da Delta Construções no Rio de Janeiro abastecia empresas de fachada do esquema de Carlinhos Cachoeira, usando “laranjas” – pessoas aparentemente inocentes que nem sabiam de nada ou não levaram dinheiro do esquema mafioso. Da conta do CNPJ nacional da Delta saíram pelo menos R$ 12 milhões para a Alberto e Pantoja e Brava Construções, empresas de fachada usadas pelo grupo de Cachoeira.
Serão alvos (de investigação ou abafamento?) da CPI as empresas Zuk Assessoria Empresarial e a Flexa Factoring Fomento Mercantil – que funcionam em um mesmo endereço, no Centro do Rio de Janeiro. As empresas receberam recursos da Brava Construções, que é do esquema de Cachoeira. A Brava Construções e a Alberto Pantoja movimentaram R$ 39 milhões da Delta. Tudo veio à tona porque os sigilos bancário e fiscal da Zuk e da Flexa Factoring e de seus sócios Cristina Lacerda de Almeida, Tatiana Correia Rodrigues, Edivaldo Ferreira Lopes e Maria Aparecida Corrêa foram quebrados em 2011, na Operação Monte Carlo.
O fim de semana será de intensa$ negociaçõe$ para impedir que a semana que vem escancare o verdadeiro esquema financeiro da Delta – que parece ir muito além do mero lobista Carlinhos Cachoeira. Por enquanto, em silêncio, é só ele que segura a bronca. O defensor de honra dos ilustres petistas, criminalista Márcio Thomaz Bastos, terá de trabalhar mais que Hércules para livrar a barra dos implicados no escândalo que ainda sequer vieram à tona das águas turvas e fétidas do Delta da Cachoeira (um ponto geográfico imaginário onde se centraliza o Governo do Crime Organizado).
Laranjada podre
Depois de tanta laranjada descoberta no esquema da Delta e Cachoeira, no Rio de Janeiro, uma previsão:
É grande o risco de um governador virar suco, se for convocado à CPI.
Mas o pior é se constatarem que ele é um laranja de um chefão muito mais suculento...
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.
25 de março de 2012
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.
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