"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 22 de maio de 2012

MOVIMENTO CONTRA 14o. E 15o. SALÁRIOS DE DEPUTADOS GANHA A INTERNET


Quando Herbert Vianna cantou, em meados da década de 1990, sobre os “300 picaretas com anel de doutor”, não imaginava que, quase duas décadas depois, a situação no Congresso Nacional continuaria a inspirar revolta. “A música, infelizmente, não conseguiu ficar velha”, dispara o baixista do Paralamas do Sucesso, Bi Ribeiro, em entrevista ao Correio Braziliense.

O músico e membros da classe artística receberam com entusiasmo e endossaram a indignação dos que exigem a extinção dos 14º e 15º salários de deputados e senadores, transformada na campanha iniciada pela atriz Maria Paula, cujo símbolo é a expressão “Abaixo a Mordomia”. Até o momento, faltam 498 deputados desistirem da regalia.

“O que eles ganham já é muito. A gente não está rasgando dinheiro para sustentar esses caras a pão de ló”, desabafa Ribeiro — carioca, que morou em Brasília entre 1971 e 1980. Para o poeta Nicolas Behr, os parlamentares estão ferindo um dos princípios básicos da Constituição, o qual afirma que “todos são iguais perante a lei”.

“Os políticos estão lá atrás, mas as demandas da sociedade estão lá na frente. Não demos a eles o poder de legislar em causa própria. No fundo, eles não passam de servidores públicos”, constata o poeta.

Os músicos Ney Matogrosso e Dominguinhos também reverberaram os questionamentos da população sobre o ganho exclusivo dos congressistas. “Os políticos precisam entender que eles não são donos do país, eles trabalham para o país e são pagos pelo povo brasileiro”, desafia Matogrosso.
Dominguinhos considera o assunto tão “absurdo” que acha que não deveria nem “ser mencionado”. “Somos nós que pagamos e ninguém sabe quanto eles realmente ganham. Enquanto isso, o cidadão comum não tem direito a nada”, denuncia.

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