Após longo período de altas animadas pelo dinheiro barato dos bancos centrais dos países avançados e por expectativas de recuperação da economia americana, os mercados financeiros registram agora notável mudança de humor. As fortes quedas das bolsas, dos preços das commodities e das taxas de juros de longo prazo indicam temores de esfriamento da economia mundial.
A reaceleração econômica americana sofreu arrefecimento nos últimos meses. A crise europeia ameaça se aprofundar com a eleição dos socialistas na França, a crise bancária na Espanha e o colapso operacional da democracia grega. Até mesmo os emergentes enfrentam o fenômeno da desaceleração econômica, apesar do afrouxamento de suas políticas monetárias – o Brasil baixando os juros e a China reduzindo os recolhimentos compulsórios dos bancos ao Banco Central.
A opinião pública europeia, como ocorreu nos Brasil nos anos 1980, está sendo colocada diante de um falso dilema: “austeridade” versus “crescimento”. É evidente que nunca foram essas as verdadeiras alternativas.
Os social-democratas tupiniquins, também hegemônicos, a exemplo do que ocorre na Europa, cometeram na época todas as tolices imagináveis, sempre “em defesa do crescimento” e “contra a austeridade”. Em autêntica saga que se tornou o maior desastre da história econômica brasileira, colhemos, em exaustiva e malsucedida sequência, a moratória da dívida externa, o sequestro da poupança interna, a hiperinflação e o completo colapso do crescimento.
A tragédia grega é o resultado de péssimas práticas políticas da social-democracia europeia. Abusos contra as finanças públicas. Demagogia no tratamento de assuntos previdenciários. Obscurantismo da legislação trabalhista.
A adoção do euro, uma moeda forte por sua dimensão continental, apenas revelou o que já se sabia: o descolamento entre salários, aposentadorias e benefícios crescentes, de um lado, e o declínio da produtividade europeia, de outro.
Paulo Guedes
22 de maio de 2012
Fonte: O Globo
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