Internacional - Oriente Médio
A guerra não está a quatro dias de distância, mas ela se aproxima.
Em maio de 1967, violando descaradamente acordos de trégua anteriores, o Egito expulsou do Sinai os pacificadores da ONU, moveu 120 mil soldados para a fronteira com Israel, bloqueou Eilat (a saída sul de Israel para o oceano), assinou repentinamente um pacto militar com a Jordânia e, junto com a Síria, decretou guerra para a destruição final de Israel.
Maio de 1967 foi o mês mais amedrontador e desesperador de Israel. O país estava cercado e sozinho. Garantias prévias de grandes potências se mostraram inócuas. Um plano para testar o bloqueio com uma flotilha ocidental falhou por falta de participantes. O tempo estava se esgotando. Forçada a proteger-se contra uma invasão através de mobilização e massa – e com um exército composto enormemente por reservistas civis –, a vida se reduziu a quase nada. O país estava morrendo.
Em 5 de junho, Israel lançou um ataque preventivo contra a força aérea egípcia, procedendo então a vitórias luminosas nos três fronts. A Guerra dos Seis Dias é uma lenda, mas menos lembrado é que, em 1º de junho, a oposição nacionalista (o precursor do Likud de Menachem Begin) foi, pela primeira vez, trazida ao governo, criando uma coalizão emergencial de unidade nacional.
Todos entenderam porquê. Você não leva a cabo uma guerra preventiva extremamente arriscada sem a participação total de uma grande coalizão representando um consenso nacional.
Quarenta e cinco anos depois, entre os dias 7 e 8 de maio de 2012, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu chocou seu país ao incluir o principal partido da oposição, o Kadima, em um governo de unidade nacional – algo chocante porque, apenas algumas horas antes, o Knesset expediu um documento convocando eleições antecipadas em setembro.
Por que o bem-sucedido Netanyahu cancelou eleições que ele tinha certeza que ganharia?
Porque, para os israelenses de hoje, é maio de 1967. O pavor não é tão agudo: o clima não é de desespero, mas de pressentimento. O tempo está se esgotando, mas não tão rapidamente. A guerra não está a quatro dias de distância, mas ela se aproxima. Os israelenses hoje encaram a maior ameaça a suas existências – mulás apocalípticos pregando publicamente a aniquilação de Israel com armas nucleares – desde maio de 1967. O mundo está novamente dizendo aos israelenses para não fazerem nada enquanto encontra uma solução. Mas se tal solução não for encontrada – como em 1967 – os israelenses sabem que uma vez mais terão de se defender sozinhos.
Uma decisão tão grave demanda um consenso nacional. Ao criar a maior coalizão em quase três décadas, Netanyahu está estabelecendo a premissa política para um ataque preventivo, se vier a acontecer. O novo governo comanda impressionantes 94 dos 120 assentos do Knesset, descritos por um colunista de Israel como “centenas de toneladas de concreto sólido”.
Em 5 de junho, Israel lançou um ataque preventivo contra a força aérea egípcia, procedendo então a vitórias luminosas nos três fronts. A Guerra dos Seis Dias é uma lenda, mas menos lembrado é que, em 1º de junho, a oposição nacionalista (o precursor do Likud de Menachem Begin) foi, pela primeira vez, trazida ao governo, criando uma coalizão emergencial de unidade nacional.
Todos entenderam porquê. Você não leva a cabo uma guerra preventiva extremamente arriscada sem a participação total de uma grande coalizão representando um consenso nacional.
Quarenta e cinco anos depois, entre os dias 7 e 8 de maio de 2012, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu chocou seu país ao incluir o principal partido da oposição, o Kadima, em um governo de unidade nacional – algo chocante porque, apenas algumas horas antes, o Knesset expediu um documento convocando eleições antecipadas em setembro.
Por que o bem-sucedido Netanyahu cancelou eleições que ele tinha certeza que ganharia?
Porque, para os israelenses de hoje, é maio de 1967. O pavor não é tão agudo: o clima não é de desespero, mas de pressentimento. O tempo está se esgotando, mas não tão rapidamente. A guerra não está a quatro dias de distância, mas ela se aproxima. Os israelenses hoje encaram a maior ameaça a suas existências – mulás apocalípticos pregando publicamente a aniquilação de Israel com armas nucleares – desde maio de 1967. O mundo está novamente dizendo aos israelenses para não fazerem nada enquanto encontra uma solução. Mas se tal solução não for encontrada – como em 1967 – os israelenses sabem que uma vez mais terão de se defender sozinhos.
Uma decisão tão grave demanda um consenso nacional. Ao criar a maior coalizão em quase três décadas, Netanyahu está estabelecendo a premissa política para um ataque preventivo, se vier a acontecer. O novo governo comanda impressionantes 94 dos 120 assentos do Knesset, descritos por um colunista de Israel como “centenas de toneladas de concreto sólido”.
Isso foi demais para a recente publicidade midiática sobre a suposta grande resistência à dureza de Netanyahu contra o Irã. Duas notáveis figuras aposentadas da inteligência foram amplamente paparicadas pela imprensa por falarem contra Netanyahu. Poucos notaram que uma delas foi ignorada por Netanyahu para ser chefe do Mossad, enquanto a outra foi demitida por Netanyahu como chefe do Mossad (deixando o cargo vago). Ver o centrista Kadima (que retirou Israel de Gaza) unir-se a uma coalizão liderada pelo Likud cujo Ministro da Defesa é ex-primeiro-ministro pelo Partido Trabalhista (que ofereceu metade de Jerusalém a Yasser Arafat) é a própria definição de união nacional – e refuta a ladainha popular “Israel está dividido”. “Todos estão falando a mesma língua”, explicou um membro do Knesset, “ainda que haja diferença nos tons.”
Para ter certeza, Netanyahu e Shaul Mofaz, do Kadima, deram razões mais prosaicas para sua união: leis de serviços nacionais, leis eleitorais e negociações com os palestinos. Mas Netanyahu, o primeiro premiê do Likud a reconhecer o Estado palestino, não precisava do Kadima para ingressar nas negociações de paz. Por dois anos ele tem esperado o comparecimento de Mahmoud Abbas. Abbas não apareceu. Nem aparecerá. Nada vai mudar nesse front.
O que muda é a posição de Israel em relação ao Irã. Essa ampla coalizão demonstra a prontidão política de Israel para atacar, se necessário (sua prontidão militar é indubitável).
Aqueles que aconselham a submissão, a resignação ou a eterna paciência a Israel não podem mais desabonar a posição dura de Israel como o trabalho de direitistas irremediáveis. Não com um governo que representa 78% do país.
Netanyahu postergou as eleições de setembro que lhe garantiriam mais quatro anos no poder. Ele escolheu, ao invés disso, formar uma coalizão nacional que garanta 18 meses de estabilidade – 18 meses nos quais Israel fará alguma coisa para impedir o Irã caso o mundo não faça nada.
E não será o trabalho de um homem, um partido ou uma facção ideológica. Como em 1967, será o trabalho de uma nação.
Para ter certeza, Netanyahu e Shaul Mofaz, do Kadima, deram razões mais prosaicas para sua união: leis de serviços nacionais, leis eleitorais e negociações com os palestinos. Mas Netanyahu, o primeiro premiê do Likud a reconhecer o Estado palestino, não precisava do Kadima para ingressar nas negociações de paz. Por dois anos ele tem esperado o comparecimento de Mahmoud Abbas. Abbas não apareceu. Nem aparecerá. Nada vai mudar nesse front.
O que muda é a posição de Israel em relação ao Irã. Essa ampla coalizão demonstra a prontidão política de Israel para atacar, se necessário (sua prontidão militar é indubitável).
Aqueles que aconselham a submissão, a resignação ou a eterna paciência a Israel não podem mais desabonar a posição dura de Israel como o trabalho de direitistas irremediáveis. Não com um governo que representa 78% do país.
Netanyahu postergou as eleições de setembro que lhe garantiriam mais quatro anos no poder. Ele escolheu, ao invés disso, formar uma coalizão nacional que garanta 18 meses de estabilidade – 18 meses nos quais Israel fará alguma coisa para impedir o Irã caso o mundo não faça nada.
E não será o trabalho de um homem, um partido ou uma facção ideológica. Como em 1967, será o trabalho de uma nação.
22 de maio de 2012
Charles Krauthammer é colunista da National Review e do The Washington Post.
Tradução: Felipe Melo
Nenhum comentário:
Postar um comentário