Ao fim de nem tão surda batalha pelo "controle" da CPI do Cachoeira assisti, durante o almoço, ao primeiro passo da momentosa "investigação", com o senador Vital do Rego, que o PT pôs à frente dos trabalhos, recebendo do STF um envelope selado com nove CDs contendo os 40 volumes do inquérito aberto para investigar o esquema. (É porque nossa justiça é sempre tão "econômica" em palavras, recorde-se, que nenhum processo chega ao fim nestes tristes trópicos).
Tudo (menos o que já se sabe) está, ainda, sob "segredo de Justiça", conforme frisou o ministro Ricardo Lewandowski, relator do processo no STF.
Vai daí, diz o senador do Rego, "o primeiro e mais importante trabalho será conferir, entre as quatro paredes da 'sala-cofre' adrede preparada no Senado, o que já foi e o que ainda não foi vazado de tudo que foi recebido"...
O grosso do que vazou, e é só o que as televisões têm para martelar na cabeça do público por enquanto, é o que atinge o falso cavaleiro da esperança do DEM e o governador do PSDB de Goiás, mais a negociação para a aquisição "de porteira fechada" e por preço de ocasião do partido inteiro daquele gordinho, o tal de Levy Fidelix, hoje de propriedade do PT.
Sabe-se também que tudo isso é só o glacê e que o "bolo" mesmo, aquilo que mede a extensão da metástese da doença brasileira em todos os níveis da politica e da administração pública, são as aventuras e desventuras de Fernando Cavendish e a sua "Construtora Delta", aquela que está para Carlinhos Cachoeira como a "agência de publicidade" SMP&B de Marcos Valério estava para José Dirceu no esquema do Mensalão.
Mas sobre os contratos que este senhor amealhou, relativos a 80% das obras do PAC filho da Dilma, ainda não vazou detalhe nenhum.
O governador do PMDB do Rio de Janeiro (aquele partido do vice-presidente da Dilma), que criou essa cobra e quase morreu picado por ela meses atrás na Bahia, tomou providências cirúrgicas a esse respeito.
O galante Fernando Cavendish é tido e havido como "o rei" da ex-capital federal onde não ha obra que não seja "dele". Mas o dr. Sérgio Cabral, que se tornou uma das figuras mais translucidamente transparentes da Republica graças às relações de alto risco que mantem com ele sem proteção, só cuidou de tomar-lhe duas desde que o escândalo começou: a reforma do Maracanã, de R$ 789 milhões, e a Transcarioca, corredor de ônibus que vai do Galeão à Barra de R$ 931 milhões divididos com a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, ambas do PAC filho da Dilma.
O resto, o que é só Rio com Rio, o dr. Cabral segue esperando pra ver como é que fica.
Tudo, portanto, caminha por enquanto em consonância com o padrão do Novo Brasil do PT onde todo mundo "é" e tem sido filmado e gravado "sendo", mas ganha o jogo quem tem o poder de definir o que vaza e o que não vaza desse vasto e precioso acervo para o conhecimento do distinto público.
Abrir ou não abrir o pacotão do STF, o acervo cinematográfico da Polícia Federal e, muito especialmente, medir a extensão dos tentáculos da Delta é o verdadeiro nome do jogo.
A ver se, escancaradas as porta do Inferno com a instalação da CPI, será possível seguir controlando a diabaiada...
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