Artigos - Governo do PT
As coisas estão realmente indo de vento em popa para nosso governo e sua famigerada Comissão da Verdade. Além de se utilizar de malabaristas jurídicos que sequer viveram o período do Regime Militar (muito menos buscaram estudar de maneira séria e pormenorizada o período em questão), agora a turma revanchista está comemorando o lançamento do livro “Memórias de uma Guerra Suja”, do ex-delegado Cláudio Antonio Guerra. Hoje pastor evangélico, o ex-delegado Guerra gosta de se apresentar como ex-maçom e uma pessoa que “teve uma experiência com o Senhor Jesus (Conversão), sendo batizado em 7 de Agosto de 2007 no presídio em Viana, a partir daí passou a trabalhar para o Senhor Jesus, o Senhor dos Senhores” (sic).
A ficha do Sr. Guerra não é das mais limpas: pesam contra ele acusações formação de quadrilha, roubo de armas, tráfico de drogas, tortura, homicídios (incluindo o de sua própria mulher), além de chefiar a seção capixaba da Scuderie Detetive Le Cocq, organização que funcionava como esquadrão de morte. Mesmo após a sua conversão, o Sr. Guerra não deixou se afastou de problemas com o judiciário: desde fevereiro deste ano, foi envolvido em um processo que investiga o desvio de dízimos da igreja Assembleia de Deus Serra-Sede.
Convenientemente, o livro é lançado no exato momento em que as discussões acerca da Comissão da Verdade e dos supostos crimes cometidos por agentes de Estado durante o Regime Militar estão num nível bastante alto. A ministra Maria do Rosário disse em entrevista recente que os relatos do livro “são graves e trazem a público métodos comparáveis ao nazismo”.
Ainda que a própria ministra tenha admitido não ter lido uma única linha dos relatos em questão, o livro pode ser usado como base de diligências e investigações não apenas da Comissão da Verdade, mas também do Grupo de Trabalho Justiça de Transição do Ministério Público Federal (GTJT/MPF), responsável pela recente denúncia contra o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra – caso que analisamos recentemente.
Quem garante isso é uma pessoa tão ilibada quanto o Sr. Guerra: José Dirceu, o ex-ministro da Casa Civil a quem a Procuradoria-Geral da República chama de “chefe de quadrilha” no caso do mensalão e que, durante o Regime Militar, recebeu treinamento militar em Cuba e atuou na guerrilha comunista brasileira.
Paulo Vanucchi, outro militante comunista que atuou em grupos armados e que, durante o governo Lula, era um dos amigos das FARC no Brasil (além do já citado José Dirceu), também defendeu que os relatos pautem investigações da Comissão da Verdade.
No entanto, cabe a pergunta: em que medida o relato de alguém como o Sr. Guerra pode ser tido como verdadeiro? Trata-se de alguém com uma ficha criminal extensa, a quem recaem suspeitas de diversos crimes. O livro em questão contradiz informações prestadas pelo próprio Sr. Guerra em uma biografia autorizada a seu respeito. Além disso, a alegação de que atuou como agente de Estado durante o Regime Militar é, no mínimo, suspeita: nem militares que atuaram na época, nem grupos de esquerda (como o Tortura Nunca Mais, que conta com financiamento internacional), possuem informações sobre as atividades do Sr. Guerra.
Estamos diante de um desconhecido personagem, controverso, e surgido das sombras no exato momento em que a Comissão da Verdade necessita de cada vez mais embasamentos para que a acusação de ilegitimidade seja mantida o mais longe possível, e que traz em suas costas uma série de acusações que nem de longe se referem ao período do Regime Militar. Tudo isso forma um quadro muito estranho, cheio de lacunas e incógnitas, e que suscita muitas dúvidas. A maior delas é esta: a quem interessa as revelações incongruentes dessa figura de credibilidade duvidosa? A resposta encontra-se em uma declaração do próprio Sr. Guerra: “Encaro como positiva e acertada a decisão da presidente Dilma Rousseff de criar a Comissão da Verdade, e estou à disposição das autoridades para ajudar.”
10 de maio de 2012
Felipe Melo
Desconhecido, com ficha criminal quilométrica e contraditório: eis a testemunha considerada perfeita pelos petistas para a burlesca "Comissão da Verdade".
As coisas estão realmente indo de vento em popa para nosso governo e sua famigerada Comissão da Verdade. Além de se utilizar de malabaristas jurídicos que sequer viveram o período do Regime Militar (muito menos buscaram estudar de maneira séria e pormenorizada o período em questão), agora a turma revanchista está comemorando o lançamento do livro “Memórias de uma Guerra Suja”, do ex-delegado Cláudio Antonio Guerra. Hoje pastor evangélico, o ex-delegado Guerra gosta de se apresentar como ex-maçom e uma pessoa que “teve uma experiência com o Senhor Jesus (Conversão), sendo batizado em 7 de Agosto de 2007 no presídio em Viana, a partir daí passou a trabalhar para o Senhor Jesus, o Senhor dos Senhores” (sic).
A ficha do Sr. Guerra não é das mais limpas: pesam contra ele acusações formação de quadrilha, roubo de armas, tráfico de drogas, tortura, homicídios (incluindo o de sua própria mulher), além de chefiar a seção capixaba da Scuderie Detetive Le Cocq, organização que funcionava como esquadrão de morte. Mesmo após a sua conversão, o Sr. Guerra não deixou se afastou de problemas com o judiciário: desde fevereiro deste ano, foi envolvido em um processo que investiga o desvio de dízimos da igreja Assembleia de Deus Serra-Sede.
Convenientemente, o livro é lançado no exato momento em que as discussões acerca da Comissão da Verdade e dos supostos crimes cometidos por agentes de Estado durante o Regime Militar estão num nível bastante alto. A ministra Maria do Rosário disse em entrevista recente que os relatos do livro “são graves e trazem a público métodos comparáveis ao nazismo”.
Ainda que a própria ministra tenha admitido não ter lido uma única linha dos relatos em questão, o livro pode ser usado como base de diligências e investigações não apenas da Comissão da Verdade, mas também do Grupo de Trabalho Justiça de Transição do Ministério Público Federal (GTJT/MPF), responsável pela recente denúncia contra o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra – caso que analisamos recentemente.
Quem garante isso é uma pessoa tão ilibada quanto o Sr. Guerra: José Dirceu, o ex-ministro da Casa Civil a quem a Procuradoria-Geral da República chama de “chefe de quadrilha” no caso do mensalão e que, durante o Regime Militar, recebeu treinamento militar em Cuba e atuou na guerrilha comunista brasileira.
Paulo Vanucchi, outro militante comunista que atuou em grupos armados e que, durante o governo Lula, era um dos amigos das FARC no Brasil (além do já citado José Dirceu), também defendeu que os relatos pautem investigações da Comissão da Verdade.
No entanto, cabe a pergunta: em que medida o relato de alguém como o Sr. Guerra pode ser tido como verdadeiro? Trata-se de alguém com uma ficha criminal extensa, a quem recaem suspeitas de diversos crimes. O livro em questão contradiz informações prestadas pelo próprio Sr. Guerra em uma biografia autorizada a seu respeito. Além disso, a alegação de que atuou como agente de Estado durante o Regime Militar é, no mínimo, suspeita: nem militares que atuaram na época, nem grupos de esquerda (como o Tortura Nunca Mais, que conta com financiamento internacional), possuem informações sobre as atividades do Sr. Guerra.
Estamos diante de um desconhecido personagem, controverso, e surgido das sombras no exato momento em que a Comissão da Verdade necessita de cada vez mais embasamentos para que a acusação de ilegitimidade seja mantida o mais longe possível, e que traz em suas costas uma série de acusações que nem de longe se referem ao período do Regime Militar. Tudo isso forma um quadro muito estranho, cheio de lacunas e incógnitas, e que suscita muitas dúvidas. A maior delas é esta: a quem interessa as revelações incongruentes dessa figura de credibilidade duvidosa? A resposta encontra-se em uma declaração do próprio Sr. Guerra: “Encaro como positiva e acertada a decisão da presidente Dilma Rousseff de criar a Comissão da Verdade, e estou à disposição das autoridades para ajudar.”
10 de maio de 2012
Felipe Melo
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