Foi corajosa — independentemente do mérito da acusação; já trato do assunto — a resposta do Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, ao apontar que só se tornou alvo de especulações porque enfrenta o descontentamento da turma que está com medo do mensalão. Não por acaso, o primeiro a reagir à sua reação foi o deputado Candido Vaccarezza (PT-SP), um dirceuzista juramentado e membro da CPI do Cachoeira. Afirmou que o procurador foi arrogante ao se negar a falar à comissão. Arrogante por quê?
Depoimento de um delegado à CPI levaram alguns parlamentares — e, de novo, Vaccarezza foi o mais buliçoso a respeito — a afirmar que Gurgel foi negligente em sua função e já deveria ter feito a investigação muito antes e coisa e tal. Digamos que isso tudo seja verdade. Que se recorra à lei contra o procurador-geral, então. Pedir que ele, que é a autoridade que investiga e oferece a denúncia, dê seu testemunho à CPI é puro despropósito. Se o fizer, terá de se declarar impedido para continuar a responder pelo caso no âmbito da Procuradoria. Ora, não existe “depoimento informal” numa CPI.
Não é possível que os parlamentares ignorem isso. Então por que a pressão? Ora, trata-se, já escrevi alguns textos a respeito, de um movimento orquestrado para desmoralizar todas as instâncias que possam, de algum modo, fazer frente ao mensaleiros: PGR, STF e imprensa. Isso evidencia até onde essa gente pode ir para não ter de prestar contas à sociedade por seus atos.
O que alguns valentes estão querendo é ver o procurador e mesmo jornalistas sentados na “cadeira perigosa” para que se possa fazer um festival de ilações, buscando constranger aqueles que consideram inimigos. Rui Falcão, vocês devem se lembrar, gravou até um vídeo para anunciar que a questão central desta CPI era o… mensalão!
Gurgel fez o certo. Se acham que ele cometeu ilegalidades ou prevaricou, que procurem o caminho da lei. Não dá é para tentar submetê-lo a um corredor polonês político. A “inocência” de José Dirceu e a obsessão de Lula em negar que o mensalão tenha existido não podem custar tão caro ao país, a saber: a desmoralização do STF, o achincalhe da Procuradoria-Geral e a agressão à liberdade de imprensa.
10 de maio de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário