Esta aconteceu em Minas Gerais (Carmo da Cachoeira).
O Juiz Ronaldo Tovani, 31 anos, substituto da Comarca de Varginha, ex-promotor de justiça, concedeu liberdade provisória a um sujeito preso em flagrante por ter furtado duas galinhas e ter perguntado ao delegado "desde quando furto é crime neste Brasil de bandidos?".
O magistrado lavrou então sua sentença em versos.
*** *** *** ***
No dia cinco de outubro / Do ano ainda fluente / Em Carmo da Cachoeira
Terra de boa gente / Ocorreu um fato inédito / Que me deixou descontente.
O jovem Alceu da Costa / Conhecido por "Rolinha" / Aproveitando a madrugada
Resolveu sair da linha / Subtraindo de outrem / Duas saborosas galinhas.
Apanhando um saco plástico / Que ali mesmo encontrou / O agente muito esperto
Escondeu o que furtou / Deixando o local do crime / Da maneira como entrou.
O senhor Gabriel Osório / Homem de muito tato / Notando que havia sido
A vítima do grave ato / Procurou a autoridade / Para relatar-lhe o fato.
Ante a notícia do crime / A polícia diligente / Tomou as dores de Osório
E formou seu contingente / Um cabo e dois soldados / E quem sabe até um tenente.
Assim é que o aparato / Da Polícia Militar / Atendendo a ordem expressa
Do Delegado titular / Não pensou em outra coisa / Senão em capturar.
E depois de algum trabalho / O larápio foi encontrado
Num bar foi capturado / Não esboçou reação / Sendo conduzido então
À frente do Delegado. / Perguntado pelo furto / Que havia cometido
Respondeu Alceu da Costa / Bastante extrovertido / Desde quando furto é crime
Neste Brasil de bandidos?
Ante tão forte argumento / Calou-se o delegado / Mas por dever do seu cargo
O flagrante foi lavrado / Recolhendo à cadeia / Aquele pobre coitado.
E hoje passado um mês / De ocorrida a prisão / Chega-me às mãos o inquérito
Que me parte o coração / Solto ou deixo preso / Esse mísero ladrão?
Soltá-lo é decisão / Que a nossa lei refuta / Pois todos sabem que a lei
É pra pobre, preto e puta... / Por isso peço a Deus / Que norteie minha conduta.
É muito justa a lição / Do pai destas Alterosas. / Não deve ficar na prisão
Quem furtou duas penosas, / Se lá também não estão presos
Pessoas bem mais charmosas.
Afinal não é tão grave / Aquilo que Alceu fez / Pois nunca foi do governo
Nem seqüestrou o Martinez / E muito menos do gás / Participou alguma vez.
Desta forma é que concedo / A esse homem da simplória / Com base no CPP
Liberdade provisória / Para que volte para casa / E passe a viver na glória.
Se virar homem honesto / E sair dessa sua trilha / Permaneça em Cachoeira
À frente do Delegado. / Perguntado pelo furto / Que havia cometido
Respondeu Alceu da Costa / Bastante extrovertido / Desde quando furto é crime
Neste Brasil de bandidos?
Ante tão forte argumento / Calou-se o delegado / Mas por dever do seu cargo
O flagrante foi lavrado / Recolhendo à cadeia / Aquele pobre coitado.
E hoje passado um mês / De ocorrida a prisão / Chega-me às mãos o inquérito
Que me parte o coração / Solto ou deixo preso / Esse mísero ladrão?
Soltá-lo é decisão / Que a nossa lei refuta / Pois todos sabem que a lei
É pra pobre, preto e puta... / Por isso peço a Deus / Que norteie minha conduta.
É muito justa a lição / Do pai destas Alterosas. / Não deve ficar na prisão
Quem furtou duas penosas, / Se lá também não estão presos
Pessoas bem mais charmosas.
Afinal não é tão grave / Aquilo que Alceu fez / Pois nunca foi do governo
Nem seqüestrou o Martinez / E muito menos do gás / Participou alguma vez.
Desta forma é que concedo / A esse homem da simplória / Com base no CPP
Liberdade provisória / Para que volte para casa / E passe a viver na glória.
Se virar homem honesto / E sair dessa sua trilha / Permaneça em Cachoeira
Ao lado de sua família / Devendo, se ao contrário, / Mudar-se para Brasília!!!
09 de maio de 2012
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