Ou: o dia em que o Partidão decidiu expulsar Marighella
Dezembro de 1967. A um ano do recrudescimento do regime militar brasileiro, o Partido Comunista Brasileiro, então na clandestinidade, reuniu seus quadros no Sexto Congresso para aprovar uma série de medidas importantes. Cindido por uma luta interna fratricida, confrontado com a desarticulação no campo sindical, tangido pela decisão de alguns de seus membros de iniciar a luta armada contra o regime, o Partidão tinha diante de si uma das decisões mais importantes de sua história: referendar a expulsão de Carlos Marighella.
No ano anterior, Marighella conseguira controlar a secção paulista do Partido Comunista e, em oposição à política de alianças do Comitê Central, resolveu partir para a luta armada.
A iniciativa foi fortemente combatida por Luiz Prestes, que levou o PCB a definir a expulsão do grupo vinculado ao militante baiano com pesadas críticas ao culto à personalidade, vocação ao "direitismo" e insubordinação ao que havia sido decidido no Quinto Congresso.
O militante não participou da reunião. Estava em Cuba representando os comunistas brasileiros na conferência da OLAS -- Organização Latino-Americana de Solidariedade -- quando o PCB decidiu enviar uma carta desautorizando sua participação.
Dessa dissidência nasceu a Aliança Libertadora Nacional (ALN), que enfrentou de armas em punho a ditadura brasileira. Marighella morreu emboscado em São Paulo pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury dois anos mais tarde, em 4 de novembro de 1969.
Com a publicação do Diário de Luiz Carlos Prestes, o Blog do Pannunzio coloca à disposição dos leitores um documento obrigatório para quem pretender entender o contexto e as contradições internas do Partidão num momento crucial de sua história.
As anotações originais estão em poder do filho de Prestes, Yuri, que vive atualmente em Moscou. Foram obtidas pelo jornalista Francisco Câmpera, que gentilmente as cedeu.
Fabio Pannunzio
06 de junho de 2012
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