"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 6 de junho de 2012

A QUESTÃO DA TORTURA E A IMPUNIDADE

“É um reflexo da situação da justiça brasileira”, diz Marco Villa sobre a aceitação da violência contra criminosos

Marco Antonio Villa

Os brasileiros estão mais tolerantes ao uso da tortura para obtenção de provas contra criminosos. Uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP) revelou que cerca de um terço da população aprova o uso da tortura e que grande parte da opinião pública é a favor do uso da violência policial em casos dos crimes de estupro, tráfico e seqüestro.

Para o historiador e especialista do Instituto Millenium, Marco Antonio Villa, a ineficiência da justiça e a certeza da impunidade explicam o flerte com soluções antidemocráticas. “Temos um sistema que garante a impunidade e que tem péssimos códigos. As pessoas não encontram justiça no Brasil. É comum que responsáveis por crimes bárbaros sejam soltos depois de três ou quatro anos. Desesperadas, as pessoas começam a flertar com soluções bárbaras e pré-civilizatórias.”
As pessoas não encontram justiça no Brasil
A pesquisa

Apenas 52,5% das pessoas consultadas em 2010 condenaram a prática. Em 1999, 71,2% dos entrevistados eram contra esse tipo de comportamento. Belém e Fortaleza são as capitais com maior nível de aceitação do uso da violência. O levantamento feito pela USP ouviu 4.025 pessoas a partir da faixa dos 16 anos em 11 capitais brasileiras, em 2010.

06 de junho de 2012

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