O alto nível de endividamento das famílias está derrubando o
otimismo entre os consumidores e minando o já fraco crescimento da economia.
Foi o que constatou a Fundação Getulio Vargas (FGV), ao promover pesquisa com
mais de 2 mil domicílios em todo o país.
É entre os integrantes da nova classe média, com renda mensal de até R$ 4,8 mil, que se registra o maior pessimismo. Não sem razão:
muitos já devem mais da metade do que ganham e enfrentam o maior nível de endividamento em sete anos.
Pelas contas da FGV, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) tombou 2,8% em junho ante o mês anterior. Foi a segunda queda consecutiva, refletindo a dificuldade maior das famílias em manter as contas em dia.
Entre os entrevistados com rendimentos mensais de até R$ 2,1 mil, 23,4% devem mais de 51% do salário e 19,1% já recorreram ao calote por total falta de recursos.
No grupo com renda entre R$ 2,1 mil e R$ 4,8 mil, 24,1% estão com mais da metade da renda comprometida com endividamento e 8,8% se tornaram inadimplentes.
Entre os que ganham mais de R$ 9,6 mil por mês, apenas 12,5% devem mais de 51% dos salários e 3,6% se dizem incapacitados para quitar as prestações assumidas.
Apesar desse quadro assustador, o governo não para de dar incentivos ao consumo e ao endividamento. A alegação é de que as dívidas das famílias são de curto prazo e há a possibilidade de se renegociar os débitos a juros menores. A coordenadora de sondagens de expectativa do consumidor da FGV, Viviane Seda, não endossa essa visão otimista.
Infelizmente, não se pode dizer que essas dívidas se resolverão na curto prazo, disse. A tendência, portanto, é de a inadimplência continuar apontando para cima, inibindo a retomada do crescimento econômico.
Não à toa, vários economistas apontam para alta de, no máximo, 2% para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Os indicadores de confiança da FGV são preocupantes, pois mostram que as medidas recentes do governo para estimular o consumo (como corte do Imposto sobre Produtos Industrializados, IPI, de veículos) devem não surtir o efeito desejado de acelerar o PIB, afirmou o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) José Luís Oreiro.
O professor de economia do Insper Otto Nogami foi além:
Pacotes de estímulos à economia baseados no consumo das famílias estão esgotados. A seu ver, o cenário internacional conturbado e sem perspectivas de melhora deve aumentar a insegurança do consumidor. A tendência é que o pessimismo e a inadimplência continuem crescentes nos próximos meses, apostou.
ROSANA HESSEL, Correio Braziliense
É entre os integrantes da nova classe média, com renda mensal de até R$ 4,8 mil, que se registra o maior pessimismo. Não sem razão:
muitos já devem mais da metade do que ganham e enfrentam o maior nível de endividamento em sete anos.
Pelas contas da FGV, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) tombou 2,8% em junho ante o mês anterior. Foi a segunda queda consecutiva, refletindo a dificuldade maior das famílias em manter as contas em dia.
Entre os entrevistados com rendimentos mensais de até R$ 2,1 mil, 23,4% devem mais de 51% do salário e 19,1% já recorreram ao calote por total falta de recursos.
No grupo com renda entre R$ 2,1 mil e R$ 4,8 mil, 24,1% estão com mais da metade da renda comprometida com endividamento e 8,8% se tornaram inadimplentes.
Entre os que ganham mais de R$ 9,6 mil por mês, apenas 12,5% devem mais de 51% dos salários e 3,6% se dizem incapacitados para quitar as prestações assumidas.
Apesar desse quadro assustador, o governo não para de dar incentivos ao consumo e ao endividamento. A alegação é de que as dívidas das famílias são de curto prazo e há a possibilidade de se renegociar os débitos a juros menores. A coordenadora de sondagens de expectativa do consumidor da FGV, Viviane Seda, não endossa essa visão otimista.
Infelizmente, não se pode dizer que essas dívidas se resolverão na curto prazo, disse. A tendência, portanto, é de a inadimplência continuar apontando para cima, inibindo a retomada do crescimento econômico.
Não à toa, vários economistas apontam para alta de, no máximo, 2% para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Os indicadores de confiança da FGV são preocupantes, pois mostram que as medidas recentes do governo para estimular o consumo (como corte do Imposto sobre Produtos Industrializados, IPI, de veículos) devem não surtir o efeito desejado de acelerar o PIB, afirmou o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) José Luís Oreiro.
O professor de economia do Insper Otto Nogami foi além:
Pacotes de estímulos à economia baseados no consumo das famílias estão esgotados. A seu ver, o cenário internacional conturbado e sem perspectivas de melhora deve aumentar a insegurança do consumidor. A tendência é que o pessimismo e a inadimplência continuem crescentes nos próximos meses, apostou.
ROSANA HESSEL, Correio Braziliense
26 de junho de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário