Rafinha Bastos sabe o preço que paga por não se render ao gosto da massa,
mas, ainda assim, segue fiel ao propósito de que nada deve ser proibido em
humor. Esta semana, o comediante de stand up, astro no Twitter, mas ainda alvo
de estranhamento entre a audiência da TV aberta, estreia num nicho muito
apropriado para correr os riscos a que se submete.
Na sexta-feira, o FX, canal do grupo Fox voltado ao público masculino, põe no ar uma pré-estreia de seu novo programa, A Vida de Rafinha Bastos, roteiro ficcional de seu dia a dia, realizado pela produtora Mixer.
Dizem que saber rir de si é ponto essencial ao humor, e, nesse quesito, Rafinha não titubeia. Já fez graça da própria desgraça no Saturday Night Live (SNL), que ancora há três semanas pela RedeTV!, ainda com audiência ínfima.
Agora, no FX, o programa tem início com as mazelas causadas em função das piadas mal aceitas: sua mulher o expulsa de casa e ele vai morar com o lutador de MMA Rodrigo Minotauro, espécie de mentor de Rafinha na tentativa de ajudá-lo a se reerguer. Marília Gabriela e o pai do humorista, Júlio Hocsman, também participam da edição inaugural.
Mas é só uma pré-estreia. A frequência semanal de A Vida de Rafinha Bastos, com mais 12 episódios, tem estreia no segundo semestre, ainda sem data prevista. Até lá, vale o que conversamos na última semana, por e-mail.
O FX é um canal para meninos e brinco que é para meninos ogros, que se permitem humor negro e escatológico. Acredita que encontrará ali um público mais disposto a se divertir com seu humor?
Até cair no meu colo o projeto do SNL, minha ideia era produzir conteúdo apenas para o cabo. Imaginava que ali teria mais condições e liberdade para fazer o que eu acho engraçado. Gosto muito da programação do FX e acho que a série conversa muito bem com o público do canal.
Aliás, você considera que faz um humor mais ácido para os padrões hoje vigentes na TV?
Olha, eu só dou risada do meu pai, do meu amigo Chico, do Marcelo Mansfield e dos meus colegas de basquete do RS. Fora isso, não costumo rir muito não. Não consigo nem acho que seja minha função comparar meu humor ao humor vigente. Pelos problemas que tive ultimamente, acho que não estou indo na linha do que tem sido feito. Se isso é bom ou ruim, é o público que tem que dizer.
Acha que seu humor seria mais bem aceito no contexto do TV Pirata, em que os criadores avançavam sobre terrenos hoje restringidos por bandeiras militantes?
É evidente que estamos vivendo um momento muito bundão. É impressionante o número de jovens reacionários que encontro. Muito do que a TV Pirata, que o Chico Anysio e até que os Trapalhões faziam, hoje seriam considerado de extremo mau gosto. Mas confesso que acho excitante fazer comédia hoje. É divertido. Tenho milhões de explicações e justificativas para isso, mas passaria o dia escrevendo.
A restrição ao que pode ou não no humor hoje praticado no Brasil pode ser driblada? É possível fazer humor sem ofender?
Tudo pode. Tudo tem que poder. Mesmo que não possa, é papel do comediante fazer poder. Não se importar com a restrição. Lutar pelo direito de poder dizer o que quer. De forma resumida assim, meu pensamento me faz parecer um sociopata, mas a explicação e o argumento são bem mais interessantes que isso.
O que norteou a criação da série A Vida de Rafinha Bastos?
Venho amadurecendo esse projeto desde 2009. Sempre fui reservado com as entrevistas sobre as tais polêmicas e os processos. Vi numa série de ficção a maneira perfeita de falar da minha profissão e da minha vida sem levar isso muito a sério.
Já se arrependeu de alguma piada?
Nunca. Já me arrependi de ter perdido tempo de fazer uma.
12 de junho de 2012
CRISTINA PADIGLIONE - O Estado de S.Paulo
Na sexta-feira, o FX, canal do grupo Fox voltado ao público masculino, põe no ar uma pré-estreia de seu novo programa, A Vida de Rafinha Bastos, roteiro ficcional de seu dia a dia, realizado pela produtora Mixer.
Dizem que saber rir de si é ponto essencial ao humor, e, nesse quesito, Rafinha não titubeia. Já fez graça da própria desgraça no Saturday Night Live (SNL), que ancora há três semanas pela RedeTV!, ainda com audiência ínfima.
Agora, no FX, o programa tem início com as mazelas causadas em função das piadas mal aceitas: sua mulher o expulsa de casa e ele vai morar com o lutador de MMA Rodrigo Minotauro, espécie de mentor de Rafinha na tentativa de ajudá-lo a se reerguer. Marília Gabriela e o pai do humorista, Júlio Hocsman, também participam da edição inaugural.
Mas é só uma pré-estreia. A frequência semanal de A Vida de Rafinha Bastos, com mais 12 episódios, tem estreia no segundo semestre, ainda sem data prevista. Até lá, vale o que conversamos na última semana, por e-mail.
O FX é um canal para meninos e brinco que é para meninos ogros, que se permitem humor negro e escatológico. Acredita que encontrará ali um público mais disposto a se divertir com seu humor?
Até cair no meu colo o projeto do SNL, minha ideia era produzir conteúdo apenas para o cabo. Imaginava que ali teria mais condições e liberdade para fazer o que eu acho engraçado. Gosto muito da programação do FX e acho que a série conversa muito bem com o público do canal.
Aliás, você considera que faz um humor mais ácido para os padrões hoje vigentes na TV?
Olha, eu só dou risada do meu pai, do meu amigo Chico, do Marcelo Mansfield e dos meus colegas de basquete do RS. Fora isso, não costumo rir muito não. Não consigo nem acho que seja minha função comparar meu humor ao humor vigente. Pelos problemas que tive ultimamente, acho que não estou indo na linha do que tem sido feito. Se isso é bom ou ruim, é o público que tem que dizer.
Acha que seu humor seria mais bem aceito no contexto do TV Pirata, em que os criadores avançavam sobre terrenos hoje restringidos por bandeiras militantes?
É evidente que estamos vivendo um momento muito bundão. É impressionante o número de jovens reacionários que encontro. Muito do que a TV Pirata, que o Chico Anysio e até que os Trapalhões faziam, hoje seriam considerado de extremo mau gosto. Mas confesso que acho excitante fazer comédia hoje. É divertido. Tenho milhões de explicações e justificativas para isso, mas passaria o dia escrevendo.
A restrição ao que pode ou não no humor hoje praticado no Brasil pode ser driblada? É possível fazer humor sem ofender?
Tudo pode. Tudo tem que poder. Mesmo que não possa, é papel do comediante fazer poder. Não se importar com a restrição. Lutar pelo direito de poder dizer o que quer. De forma resumida assim, meu pensamento me faz parecer um sociopata, mas a explicação e o argumento são bem mais interessantes que isso.
O que norteou a criação da série A Vida de Rafinha Bastos?
Venho amadurecendo esse projeto desde 2009. Sempre fui reservado com as entrevistas sobre as tais polêmicas e os processos. Vi numa série de ficção a maneira perfeita de falar da minha profissão e da minha vida sem levar isso muito a sério.
Já se arrependeu de alguma piada?
Nunca. Já me arrependi de ter perdido tempo de fazer uma.
12 de junho de 2012
CRISTINA PADIGLIONE - O Estado de S.Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário