PRIMEIRO CAPÍTULO
Entre julho de 2006 e agosto de
2006, o deputado federal Eduardo Paes, do PSDB fluminense, um dos mais veementes
representantes do partido na CPI que apurou o escândalo do mensalão, fez as
seguintes declarações:
“É preciso investigar o inexplicável crescimento do
patrimônio dos filhos do presidente”.
“Lula sabe de tudo. A sede da quadrilha do mensalão é
o Palácio do Planalto.
“O conjunto de escândalos que envolvem o governo é
tanto, e a desfaçatez dos principais atores envolvidos neles tão grande, que às
vezes parece que a CPI não conseguiu ainda provar muita coisa”
.
“Comprovamos o mensalão com cópia de recibo e tudo.
Como é que o Lula ainda tem coragem de negar?”
“Claro que Lula sabe quem é Delúbio Soares. Ele sabe
de tudo”.
SEGUNDO
CAPÍTULO
Durante a campanha eleitoral de
2008, depois de ter mendigado o apoio de Lula e implorado o perdão de Marisa
Letícia por ter dito o que dissera sobre a Primeira Família, a nova versão de
Eduardo Paes, candidato a prefeito do Rio pelo PMDB, fez as seguintes
declarações:
“A gente tem que ter muita calma antes de sair
apontando o dedo para as pessoas”
“Pedir desculpas pelos erros cometidos não envergonha
ninguém”.
“Reconheço que exagerei nos trabalhos da CPI. Fiz
acusações sem consistência e denúncias sem
fundamento”.
“É uma honra estar ao lado do grande governador Sérgio
Cabral e do maior presidente que este país já teve”.
“Não falo sobre o
mensalão”.
TERCEIRO
CAPÍTULO
Neste sábado, em campanha pela
reeleição, o homem que vendeu a alma para virar prefeito do Rio discursou no
Congresso Nacional da União da Juventude Socialista. Dois dos piores momentos do
palavrório:
“Você já superou a crise. Vai se eleger vereador de
São Paulo” (dirigindo-se a Orlando Silva, demitido por corrupção do ministério
do Esporte).
“Daniel, é assim mesmo. O problema é o seguinte: as
eleições estão chegando. Como a UNE se posiciona, fica difícil não apanhar”
(dirigindo-se a Daniel Iliescu, presidente da União Nacional dos Estudantes
Amestrados, envolvido até o pescoço no desvio de dinheiro tungado dos cofres
públicos graças à celebração de convênios malandros com seis
ministérios).
Eduardo Paes chegou à
prefeitura de joelhos. Pode acabar saindo na traseira de um camburão.
12 de junho de 2012
Autusto Nunes
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