"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 30 de junho de 2012

PRESIDENTE ISLAMITA DO EGITO TOMA POSSE, DESAFIA AS FORÇAS ARMADAS E DIZ QUE SÓ TEME A DEUS

O islamita Mohammed Mursi tomou posse no Supremo Tribunal Constitucional, no Cairo. Tornou-se o quinto presidente do país desde a derrubada da monarquia do rei Farouk, há 60 anos. É o primeiro líder eleito por vias democráticas na longa História do Egito e sucede o ditador Hosni Mubarak, que foi deposto no ano passado.

Mursi, após o anúncio de seu triunfo nas eleições, tinha dito que havia renunciado à sua militância na Irmandade Muçulmana, grupo religioso que controla o partido que o elegeu. Mas este sábado, ao tomar posse, o novo presidente o Conselho Supremo das Forças Armadas (SCAF) e disse que “nenhuma instituição será acima do povo”. E frisou: “Eu não temo ninguém, só a Deus”, frase que soou como um desafio às Forças Armadas.

Ao que parece, essa bravata pode ser até ser verdadeira, porque ele também prometeu lutar pela liberdade de Omar Abdel Rahman, o clérigo egípcio atualmente cumprindo prisão perpétua nos Estados Unidos pelo planejamento do ataque de 1993 ao World Trade Center, o que significa um embate diplomático com os Estados Unidos, país que há décadas ajuda financeiramente o Egito.

“Vou cuidar dos interesses do povo e proteger a independência da nação e a segurança do seu território,” afirmou Mursi, prometendo prometeu melhorar a ligação com os países vizinhos na África e no Oriente Médio.

“Respeitar a vontade do povo é a base das nossas relações exteriores”, disse.
Detalhe: o novo presidente jurou diante da Corte Suprema Constitucional, em vez de fazê-lo no parlamento, como é de costume, porque os militares dissolveram a assembleia no início do mês. O lugar onde aconteceu a cerimônia de posse fica ao lado do hospital militar em que Mubarak está internado há cerca de duas semanas.

Como se sabe, os militares é que estavam governando o Egito. O líder islamita Mursi foi eleito, tomou posse, mas é preciso saber até que ponto dos militares o deixarão governar. Esta é a grande dúvida na Primavera/Inverno Árabe.

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