LONDRES – De um manicômio tenebroso no Rio de Janeiro em que passou a maior parte da vida até uma sala exclusiva no Victoria and Albert Museum, o V&A, um dos endereços mais refinados da arte em Londres, foi longo e sofrido o percurso do sergipano Arthur Bispo do Rosário.
Rosário é dono de uma das histórias mais extraordinárias da arte brasileira. Descendente de escravos nascido em 1908, ele acabou sendo um faz tudo na casa de um carioca rico. Com cerca de trinta anos, teve alucinações. Achou que era o Messias. Procurou uma igreja para anunciar a novidade e terminou num hospício, diagnosticado como esquizofrênico paranóico.
A partir da internação, Bispo do Rosário começou a usar material jogado fora – botões, garrafas, papel, tecidos – para criar esculturas, miniaturas e roupas com bordados primorosamente caóticos. Oitenta dessas criações estão expostas no V&A até outubro.
Ele foi descoberto por acaso. Um psiquiatra certa vez foi ao hospício para um estudo e se encantou instantaneamente pelo trabalho de Bispo do Rosário. Fez um documentário sobre ele, que é passado no V&A com legendas em inglês para quem vai à sala dedicada à exposição de Bispo do Rosário.
Ele tinha a criatividade dos gênios e dos loucos. Uma vez, com base em fotos de um concurso de misses publicadas na revista Cruzeiro, Rosário fez um cetro de madeira e uma faixa para cada candidata. Em todos as faixas, bordou caprichosamente referências aos países das beldades. A obra está no V&A. Foi a que mais nos impressionou – a Erika e a mim – na visita que fizemos hoje ao museu.
Ele sempre disse que fazia o que fazia por receber ordens divinas. Mais de vinte anos depois de sua morte na miséria e na loucura, Bispo do Rosário é uma figura cultuada em alguns círculos da arte brasileira por sua obra não clássica, não acadêmica, não esteticamente refinada — mas desconcertantemente original, um retrato perturbador da grandiosidade confusa e às vezes bela a que pode chegar a mente de um homem inventivo e iletrado que um dia acorda com a certeza de ser Deus.
Rosário é dono de uma das histórias mais extraordinárias da arte brasileira. Descendente de escravos nascido em 1908, ele acabou sendo um faz tudo na casa de um carioca rico. Com cerca de trinta anos, teve alucinações. Achou que era o Messias. Procurou uma igreja para anunciar a novidade e terminou num hospício, diagnosticado como esquizofrênico paranóico.
A partir da internação, Bispo do Rosário começou a usar material jogado fora – botões, garrafas, papel, tecidos – para criar esculturas, miniaturas e roupas com bordados primorosamente caóticos. Oitenta dessas criações estão expostas no V&A até outubro.
Ele foi descoberto por acaso. Um psiquiatra certa vez foi ao hospício para um estudo e se encantou instantaneamente pelo trabalho de Bispo do Rosário. Fez um documentário sobre ele, que é passado no V&A com legendas em inglês para quem vai à sala dedicada à exposição de Bispo do Rosário.
Ele tinha a criatividade dos gênios e dos loucos. Uma vez, com base em fotos de um concurso de misses publicadas na revista Cruzeiro, Rosário fez um cetro de madeira e uma faixa para cada candidata. Em todos as faixas, bordou caprichosamente referências aos países das beldades. A obra está no V&A. Foi a que mais nos impressionou – a Erika e a mim – na visita que fizemos hoje ao museu.
Ele sempre disse que fazia o que fazia por receber ordens divinas. Mais de vinte anos depois de sua morte na miséria e na loucura, Bispo do Rosário é uma figura cultuada em alguns círculos da arte brasileira por sua obra não clássica, não acadêmica, não esteticamente refinada — mas desconcertantemente original, um retrato perturbador da grandiosidade confusa e às vezes bela a que pode chegar a mente de um homem inventivo e iletrado que um dia acorda com a certeza de ser Deus.
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