"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 15 de agosto de 2012

CARTA ABERTA AO PRESIDENTE JUAN MANUEL SANTOS

    
          Internacional - América Latina 
Os ataques terroristas aumentaram em uma alta porcentagem, os cabeças já “apunhalam a mídia” porque já não sentem a pressão à qual se mantinham submetidos.

Longe de mim a intenção de que se sinta atacado, a fim de que não acuda de novo a triste imagem que tivemos que presenciar quando, desde o local onde ocorreu a batalha mais importante de nossa Independência, em tom arrogante e ameaçador o Senhor se dirigiu certamente a nós, os outrora seus eleitores e hoje em dia sua oposição, para dizer que NADA nem NINGUÉM pode questionar o que para o Sr. são resultados mas para nós não são senão cifras.


Presidente, como cidadã que cumpre com o sagrado dever de comparecer às urnas, o fiz e votei no Sr., cheia de esperança em meu país, por ver a consolidação da derrota dos terroristas através da Segurança Democrática que o Sr. prometeu manter e fortalecer.
Porém, essa esperança começou a se desvanecer quando, já como presidente eleito, conhecemos os nomes de seus colaboradores e definitivamente se esfumou em 7 de agosto de 2010, por volta das 4 horas da tarde durante seu discurso de posse. Creia, Presidente, milhões de nós colocamos as mãos na cabeça e dissemos: o que é isto?
Três dias depois tínhamos em nossa Pátria quem ampara nossos verdugos. Muito a seu pesar, Presidente, essa é a realidade mesmo que o Senhor através da chancelaria se pronunciasse dizendo que isso não se tinha que verificar.

Mais adiante, quando declara como seu “novo melhor amigo” a que provê meios aos terroristas para que embosquem, mutilem e assassinem nossos civis e militares, não sentimos o melhor. Alguém elege seus amigos, Presidente, e nisso respeito sua eleição mas, para mim, meus amigos são meus irmãos, meus amigos nunca me trataram de mafiosa, nem de perigosa, nem declararam guerra a meu País quando não o éramos e lhe asseguro que eu não seria amiga nunca de um vizinho quando vejo que massacra seus filhos e esconde em sua casa a quem massacra os meus. Porém, repito... respeito sua escolha, mas não compartilho. O Sr. assim o elegeu.

São tantas coisas, Presidente, as que seus eleitores não tínhamos na agenda que poderia estender-me demasiado e de repente não captar sua atenção (?). O que acontece é que na Colômbia a cada dia há muitos eventos, e é possível que uma medalha olímpica para o Senhor apague 5 atentados terroristas que fustigam os povos mais pobres do País. Mas esses povos continuam sangrando e continuam se enchendo de miséria ante os olhos de todos, inclusive os seus.

Aborrecem-nos suas cifras? Sim, Presidente, nos aborrece muito que apresente cifras como se vivêssemos em um Principado. Ah! Essa impressão a tivemos nos dias da Cúpula das Américas em que todos, do mesmo modo que sua comitiva e convidados, éramos habitantes de um Principado em algum pequeno país europeu, ou em algum Emirado Árabe. Mas voltemos às cifras, Senhor Presidente: não vale que ainda hoje, 10 de agosto, se apresente como ganhos em segurança as baixas de Cano e Jojoy.

Não, Presidente, isso já está nos livros de História. Cifras quando haja um resultado similar ou melhor. Cifras quando a moral das tropas esteja alta e tenham garantias jurídicas para derrotar os terroristas, quer seja recebendo-os como desmobilizados a qual é sua primeira obrigação como combatentes, ou em baixas legais ao enfrentar a ameaça. Cifras, Presidente, quando deixemos de ver povos destroçados pelo terrorismo, bem como a infra-estrutura petroleira, viária, elétrica e ferroviária em iguais condições. Nesse dia queremos ver cifras. A imagem que o Sr. tem do seu governo não é igual à real.

Promover uma lei não pune terroristas não nos levará à paz. Resposta mais clara e contundente a essa mão demasiadamente generosa estendida que deu às FARC, não vimos. Os ataques terroristas aumentaram em uma alta porcentagem, os cabeças já “apunhalam a mídia” porque já não sentem a pressão à qual se mantinham submetidos. É como quando se tem uma ovelha negra e se abrandam as regras de convivência.
Creia-me, Presidente, que ter uma oposição é saudável para o exercício do Poder e para a Democracia.

É uma oposição crítico-construtiva para o bem do país, mas assim parece ao Sr. que somos depredadores ferozes. Não é bom estar desqualificando seus opositores nem estar adoçando tanto os aliados de último momento. Não sabemos quando essas delícias enjoem tanto que já não queiram acompanhá-lo no caminho.

Uma oposição é leal porque lá estará todos os dias olhando cada passo que o Sr. dá e lhe garanto que o acompanharemos na oposição até 10 de agosto de 2014, se o senhor não resolver retomar o rumo do País, a Segurança que atrai confiança, o diálogo com as comunidades e não com os terroristas, e o fortalecimento das Forças Militares mediante o Foro que é um direito e não um favor que se possa comprar em feira em uma plenária do Senado.

Pense, Presidente, ainda estamos esperando sua vontade para fazer um País ícone na América Latina. Íamos por bom caminho e estávamos dando conta.


Nota da tradutora:
comemorativo e disse que não admitia contestações nem discordâncias sobre suas declarações, as quais passam ao largo da realidade. Foi a propósito disso que a patriota guerreira Angela Zuluaga lhe escreveu essa carA Colômbia comemora sua independência em 7 de agosto. Nesse dia, sobre a ponte do Rio Boyacá, onde se deu a batalha que livraria a Colômbia do jugo espanhol, o presidente Juan Manuel Santos fez um discurso ta.

Escrito por Angela Zuluaga Trejos

Tradução: Graça Salgueiro

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