É hoje o dia do retrocesso. Caso não tenha mudado de idéia, a presidente Dilma acenderá velas no altar do atraso. Anunciará a adesão definitiva do governo do PT aos postulados do neoliberalismo. Trocando de rótulo, que chama de concessões, servirá às elites o cálice da privatização.
Milhares de quilômetros de rodovias serão doados à iniciativa privada. Ferrovias, também. Portos e aeroportos implantados com dinheiro público, quer dizer, nossos impostos, passarão àqueles que nem um centavo gastaram para viabiliza-los, acrescendo como prêmio bilhões de recursos do tesouro postos à disposição para a melhoria dos serviços. Sem esquecer hidrelétricas.
O pior dessa capitulação está na goela dos insaciáveis vampiros da coisa pública. Não se contentam com o que será anunciado e já iniciaram campanha para mudar o que resta das leis sociais. Ninguém se espantou, ainda que muitos se indignassem, ao assistir ontem nova investida sobre o trabalho, na palavra dos representantes do capital.
No telejornal mais popular do país, pregaram a opção entre investimentos e salários. Traduzindo: para multiplicar seus lucros, é essencial reduzir os reajustes a que tem direito o trabalhador. Não investirão se não puderem comprimir as necessidades de quantos se encontram sob seu poder de demitir.
A ameaça contamina o governo. Sob o argumento de ser preciso preservar os empregos na iniciativa privada, evitando demissões, a solução será reduzir a remuneração de cada assalariado.
A turma do serviço público refugia-se na greve, blindada pela estabilidade, mas a maioria do serviço privado terá de silenciosamente pagar a conta, sob pena de ficar sem emprego.
Faltando coragem para romper esse círculo de giz, a presidenta da República cede às pérfidas exigências da parte retrógrada do empresariado. Abdica das prerrogativas do Estado Nacional, imaginando compensá-las pela mesma estratégia do Lula, de conceder esmolas para os grupos menos favorecidos da população. Agora é a vez das dentaduras.
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PATRONO DOS DERROTADOS
Fica difícil entender certas iniciativas recentes do Lula. Será verdade, mesmo, que ele telefonou para Mano Meneses, solidarizando-se com a derrota do Brasil na disputa pela medalha de ouro em Londres? Se for, trata-se de algo inusitado, explicável apenas pela compulsão de ligar-se aos derrotados, coisa que seria até louvável, mas jamais envolvendo quantos carregam o peso da própria estupidez.
O Lula também telefonou para José Dirceu, para Márcio Thomaz Bastos e sabe-se lá que outros mensaleiros e seus advogados.
No caso de Mano Meneses, não há sequer a desculpa de o ex-presidente estar defendendo seus interesses e a imagem de seu governo, como no caso do mensalão.
O primeiro-companheiro liga-se ao futebol apenas por sua devoção ao Corintians. Nada teve com a lamentável escalação e a performance desse time de pipoqueiros que amarelou na partida final. Por que se ligar ao vexame?
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ESTUÁRIO DE FRUSTRAÇÕES
Política muda como nuvens ao vento, dizia Magalhães Pinto. Mas se não mudar, indicam as pesquisas, José Serra e Celso Russomano passarão para o segundo turno, nas eleições para a prefeitura de São Paulo. Nessa hipótese, como se comportarão as duas maiores forças partidárias nacionais, o PT e o PMDB?
Os companheiros carecem de todas as condições para apoiar José Serra. Nos últimos anos eles tem renegado seus mais importantes postulados sociais e políticos, presumindo-se, porém, que não chegariam a abrigar-se no ninho dos tucanos.
O Lula recomendará o voto em branco? Rui Falcão vai sugerir a abstenção? Marta Suplicy dirá a seu eleitorado que digite teclas capazes de explodir as urnas eletrônicas? Sem dúvida os petistas, orientados ou não, votarão em Russomano.
Quanto ao PMDB, se já não buscou contacto, breve fará chegar ao PSDB que, algum tempo atrás, votou em Serra para presidente da República.
Claro que antecipadamente será apresentada a fatura: umas tantas secretarias e a direção de empresas públicas. O mesmo talvez seja proposto ao adversário, mas sem muita convicção.
Conclui-se que se as nuvens não mudarem, São Paulo, pelo menos, estará mudando…
Milhares de quilômetros de rodovias serão doados à iniciativa privada. Ferrovias, também. Portos e aeroportos implantados com dinheiro público, quer dizer, nossos impostos, passarão àqueles que nem um centavo gastaram para viabiliza-los, acrescendo como prêmio bilhões de recursos do tesouro postos à disposição para a melhoria dos serviços. Sem esquecer hidrelétricas.
O pior dessa capitulação está na goela dos insaciáveis vampiros da coisa pública. Não se contentam com o que será anunciado e já iniciaram campanha para mudar o que resta das leis sociais. Ninguém se espantou, ainda que muitos se indignassem, ao assistir ontem nova investida sobre o trabalho, na palavra dos representantes do capital.
No telejornal mais popular do país, pregaram a opção entre investimentos e salários. Traduzindo: para multiplicar seus lucros, é essencial reduzir os reajustes a que tem direito o trabalhador. Não investirão se não puderem comprimir as necessidades de quantos se encontram sob seu poder de demitir.
A ameaça contamina o governo. Sob o argumento de ser preciso preservar os empregos na iniciativa privada, evitando demissões, a solução será reduzir a remuneração de cada assalariado.
A turma do serviço público refugia-se na greve, blindada pela estabilidade, mas a maioria do serviço privado terá de silenciosamente pagar a conta, sob pena de ficar sem emprego.
Faltando coragem para romper esse círculo de giz, a presidenta da República cede às pérfidas exigências da parte retrógrada do empresariado. Abdica das prerrogativas do Estado Nacional, imaginando compensá-las pela mesma estratégia do Lula, de conceder esmolas para os grupos menos favorecidos da população. Agora é a vez das dentaduras.
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PATRONO DOS DERROTADOS
Fica difícil entender certas iniciativas recentes do Lula. Será verdade, mesmo, que ele telefonou para Mano Meneses, solidarizando-se com a derrota do Brasil na disputa pela medalha de ouro em Londres? Se for, trata-se de algo inusitado, explicável apenas pela compulsão de ligar-se aos derrotados, coisa que seria até louvável, mas jamais envolvendo quantos carregam o peso da própria estupidez.
O Lula também telefonou para José Dirceu, para Márcio Thomaz Bastos e sabe-se lá que outros mensaleiros e seus advogados.
No caso de Mano Meneses, não há sequer a desculpa de o ex-presidente estar defendendo seus interesses e a imagem de seu governo, como no caso do mensalão.
O primeiro-companheiro liga-se ao futebol apenas por sua devoção ao Corintians. Nada teve com a lamentável escalação e a performance desse time de pipoqueiros que amarelou na partida final. Por que se ligar ao vexame?
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ESTUÁRIO DE FRUSTRAÇÕES
Política muda como nuvens ao vento, dizia Magalhães Pinto. Mas se não mudar, indicam as pesquisas, José Serra e Celso Russomano passarão para o segundo turno, nas eleições para a prefeitura de São Paulo. Nessa hipótese, como se comportarão as duas maiores forças partidárias nacionais, o PT e o PMDB?
Os companheiros carecem de todas as condições para apoiar José Serra. Nos últimos anos eles tem renegado seus mais importantes postulados sociais e políticos, presumindo-se, porém, que não chegariam a abrigar-se no ninho dos tucanos.
O Lula recomendará o voto em branco? Rui Falcão vai sugerir a abstenção? Marta Suplicy dirá a seu eleitorado que digite teclas capazes de explodir as urnas eletrônicas? Sem dúvida os petistas, orientados ou não, votarão em Russomano.
Quanto ao PMDB, se já não buscou contacto, breve fará chegar ao PSDB que, algum tempo atrás, votou em Serra para presidente da República.
Claro que antecipadamente será apresentada a fatura: umas tantas secretarias e a direção de empresas públicas. O mesmo talvez seja proposto ao adversário, mas sem muita convicção.
Conclui-se que se as nuvens não mudarem, São Paulo, pelo menos, estará mudando…
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