"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 27 de agosto de 2012

E NO BRASIL MARAVILHA... BC E MP INVESTIGAM O SCHAHIM, 4o.BANCO QUEBRADO COM FRAUDES EM DOIS ANOS (5 INSTITUIÇÕES)

 
 
Um ano depois da venda do banco Schahin para o BMG, começa a vir à tona mais um escândalo no sistema financeiro.

O Schahin tinha um rombo de aproximadamente R$ 1,1 bilhão, resultado de fraudes e outras irregularidades semelhantes às do Panamericano e do Cruzeiro do Sul.

O caso está sendo investigado pelo Banco Central, pelo Ministério Público e pela Polícia Federal.

O banco pertencia à família Schahin, dona de um tradicional grupo empresarial brasileiro, com atuação em várias áreas e contratos bilionários com a Petrobrás. Era uma instituição de pequeno porte, desconhecida do grande público, com foco em crédito consignado e no financiamento de veículos usados.

Segundo a apuração do BC, a instituição mentia sobre seus números. Inflava os balanços com créditos duvidosos para esconder suas dificuldades e fingir que era saudável. Além disso, concedia empréstimos a empresas do mesmo grupo, o que é proibido.

O balanço fechado em julho de 2011, já após a venda para o BMG, apontou um patrimônio líquido negativo de R$ 1,3 bilhão. Muito diferente dos R$ 229 milhões positivos apresentados ao público em março do mesmo ano, quando a instituição ainda pertencia ao grupo Schahin.

Com esse roteiro, tornou-se a quinta instituição financeira de pequeno e médio porte a quebrar em menos de dois anos no País. As apurações do BC mostraram que ao menos quatro delas eram ninhos de fraudes e outras irregularidades: Panamericano, Morada, Cruzeiro do Sul e o próprio Schahin.

O BC abriu um processo administrativo para apurar as responsabilidades. Os ex-controladores do Schahin apresentaram defesa. Ainda não houve conclusão, mas o BC já fez ao menos duas comunicações ao Ministério Público Federal em São Paulo.
A primeira é de maio.
No documento, o BC comunica que seu departamento de supervisão verificou a existência de irregularidades no Schahin.
O BC aponta "consistente elevação de resultados mediante operações simuladas, registros de ativos insubsistentes, demonstrações contábeis não fidedignas, abstenção de providência no interesse da instituição financeira e concessão de empréstimo vedado".

A documentação foi remetida pelo MP à Polícia Federal.

A segunda comunicação chegou ao MP em 13 de agosto e trata especificamente dos auditores responsáveis pelos balanços do Schahin. Essa mesma correspondência foi enviada pelo BC ao Conselho Federal de Contabilidade, que está apurando o caso.
Os ex-controladores do banco Schahin não quiseram se manifestar. Enviaram uma nota, na qual afirmam que têm divergências "quanto ao entendimento do Banco Central" sobre as operações sob suspeita e desconhecem qualquer apuração do Ministério Público e da PF. Procurados, o BC e o Ministério Público não se pronunciaram.
David Friedlander e Leandro Modé, O Estado de S. Paulo
27 de agosto de 2012

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