Os réus do mensalão sumiram, mas os advogados parecem em polvorosa -e com bons motivos.
Considerados os capítulos da Câmara/BB e do núcleo financeiro, o viés do Supremo é claramente pela condenação e a ex-diretora do Banco Rural, Ayanna Tenório, é a exceção a confirmar a regra. Sua absolvição já era prevista, e ela está sendo, até aqui, a única a salvar o pescoço entre os 36 enviados para a guilhotina pela Procuradoria-Geral da República.
Quanto mais o julgamento ganha corpo, mais o enredo faz sentido: os personagens, as instituições e os crimes vão se entrelaçando e formando uma história com princípio, meio e fim, em que o Banco Rural teve um papel-chave. Tanto que os demais diretores estão sendo condenados.
Confirmado que os tais "empréstimos" ao PT e às empresas de Marcos Valério eram fictícios, comprova-se automaticamente também a existência de um esquema e leva-se à dedução seguinte: à formação de "quadrilha", como repete insistentemente o relator Joaquim Barbosa.
Esse enredo, em que uma coisa vai levando a outra, pode ser fatal para os réus do último e mais polêmico capítulo a ser julgado -o do núcleo político. Se havia uma fonte de recursos, operadores e beneficiários, fica caracterizada uma quadrilha. Alguém mandava nisso tudo.
Os ministros já deixaram evidente que a veracidade, as evidências, os testemunhos e o próprio enredo se sobrepõem à eventual falta de provas factuais, como "atos de ofício".
Nesse cenário, cai como uma luva a repatriação de US$ 6,8 milhões (R$ 14 milhões) do ex-juiz Lalau, da Suíça para o Tesouro Nacional, e o anúncio de que o ex-senador Luiz Estevão está devolvendo R$ 468 milhões aos cofres públicos, para desbloquear seus bens. É muito? Pois não faz nem cosquinha na fortuna dele.
O rigor no julgamento de poderosos e a recuperação de dinheiro desviado são novidades no Brasil. A turma deve botar as barbas de molho.
06 de setembro de 2012
Eliane Cantanhêde
Folha de São Paulo
Considerados os capítulos da Câmara/BB e do núcleo financeiro, o viés do Supremo é claramente pela condenação e a ex-diretora do Banco Rural, Ayanna Tenório, é a exceção a confirmar a regra. Sua absolvição já era prevista, e ela está sendo, até aqui, a única a salvar o pescoço entre os 36 enviados para a guilhotina pela Procuradoria-Geral da República.
Quanto mais o julgamento ganha corpo, mais o enredo faz sentido: os personagens, as instituições e os crimes vão se entrelaçando e formando uma história com princípio, meio e fim, em que o Banco Rural teve um papel-chave. Tanto que os demais diretores estão sendo condenados.
Confirmado que os tais "empréstimos" ao PT e às empresas de Marcos Valério eram fictícios, comprova-se automaticamente também a existência de um esquema e leva-se à dedução seguinte: à formação de "quadrilha", como repete insistentemente o relator Joaquim Barbosa.
Esse enredo, em que uma coisa vai levando a outra, pode ser fatal para os réus do último e mais polêmico capítulo a ser julgado -o do núcleo político. Se havia uma fonte de recursos, operadores e beneficiários, fica caracterizada uma quadrilha. Alguém mandava nisso tudo.
Os ministros já deixaram evidente que a veracidade, as evidências, os testemunhos e o próprio enredo se sobrepõem à eventual falta de provas factuais, como "atos de ofício".
Nesse cenário, cai como uma luva a repatriação de US$ 6,8 milhões (R$ 14 milhões) do ex-juiz Lalau, da Suíça para o Tesouro Nacional, e o anúncio de que o ex-senador Luiz Estevão está devolvendo R$ 468 milhões aos cofres públicos, para desbloquear seus bens. É muito? Pois não faz nem cosquinha na fortuna dele.
O rigor no julgamento de poderosos e a recuperação de dinheiro desviado são novidades no Brasil. A turma deve botar as barbas de molho.
06 de setembro de 2012
Eliane Cantanhêde
Folha de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário