Como presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem um problema muito maior que a vontade de Lula da Silva tirá-lo do cargo. Os acionistas minoritários da estatal de economia mista, no Brasil e no exterior, resolveram se unir para neutralizar a hegemonia que o governo tem sobre os fundos de pensão na hora de decidir assuntos estratégicos da petrolífera.
Fundos com o peso do BlackRock (EUA), F&C (Londres), Aberdeen (Escócia) e FSBA (Flórida) – junto com investidores reunidos na brasileira Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec) enviaram a Mantega e à presidenta da Petrobrás, Maria das Graças Foster, um documento de duas páginas, escrito em inglês e datado de 29 de agosto, exigindo que os fundos de pensão se isentem de votar como acionistas minoritários (que na prática não são) na próxima eleição anual dos membros do Conselho de Administração da companhia – agendada para março de 2013.
Sofrendo uma pressão de tamanho peso – já que os investidores estrangeiros são gestores de US$ 2,15 trilhões pelo mundo afora -, a cabeça de Guido Mantega fica realmente a prêmio – independentemente da vontade do ex-aliado Lula em tirá-lo do ministério da Fazenda, conforme “pedido-ordem” feito semana passada em reunião com a presidenta Dilma. Ontem, Lula e Dilma voltaram a almoçar e os “pepinos” Mantega e guerra interna na Petrobrás (ataques de Graça Foster ao ex-presidente José Sérgio Gabrielli) devem ter feito parte do indigesto cardápio.
Os investidores nacionais e estrangeiros estão descontentes com a omissão do ministro Mantega que sequer lhes envia uma resposta formal às reclamações formalmente protocoladas. Por isso, os acionistas minoritários declararam guerra ao BNDES, sua holding BNDESpar e aos fundos de pensão patrocinados pelo governo: Petros, Previ e Funcef. Nas Assembléias Gerais da Petrobrás, os fundo usam a falsa prerrogativa de “acionistas minoritários” para sempre votar de acordo com os interesses do governo federal (o acionista majoritário da empresa).
Além de reclamarem da perda de US$ 208 bilhões em valor de mercado da Petrobrás, desde a megacapitaização de 2009 até agora, os investidores minoritários não aceitam ser representados pelos empresários Jorge Gerdau e Josué Gomes da Silva. O caso já é alvo de 20 reclamações na Comissão de Valores Mobiliários (autarquia do ministério da Fazenda que não toma decisões contra o ministro Mantega e o governo).
Mas o que pode dar resultado são três ações na Justiça questionando a manipulação do governo sobre os fundos de pensão que patrocina nas decisões da Petrobrás.
Qualquer bebê de colo sabe que os fundos são entidades de direito privado, mas seus desígnios são determinados nos gabinetes de Brasilia.
A briga entre os poderosos fundos estrangeiros e os fundos de pensão do Brasil Capimunista pode ter um desdobramento apocaliptico. A caixa-preta dos fundos pode ser escancarada por investigações judiciais que facilmente mostrarão como o governo manipula a indicação dos gestores dos fundos das estatais de economia mista. Se o caso for levado a fundo, o mensalão agora julgado pelo STF se transforma em roubo de galinha.
Inclusive porque o mercado sabe e tem provas de que alguns dos notórios réus do mensalão são responsáveis diretos pelo apadrinhamento no estratégico cargo de diretor-financeiro dos principais fundos de pensão.
Ou seja, quem manipula bilhões tem o poder de pagar quantos “mensalões” forem precisos, nas operações de compra e venda de ações de grandes empresas privadas no Brasil.
Além de Mantega (com a cabeça a prêmio), ninguém se surpreenda se os desdobramentos dessa guerra entre investidores estrangeiros e a Petrobrás sobrarem para os ex-ministros da Casa Civil: José Dirceu (morrendo de medo de ser condenado no julgamento do mensalão), Antônio Palocci (hoje em discreto silêncio obsequioso para cuidar dos grandes negócios) e Dilma Rousseff (que hoje é Presidenta da República, mas que no governo Lula também presidiu o Conselho de Administração da Petrobrás, sendo responsável direta pelos problemas hoje vindo à tona).
Dossiês com os mais variados escândalo costumam "brotar" nessa conjuntura "bélica". Como são sempre as pressões de fora que derrubam governos corruptos e ineficientes – levantando e usando a mídia para divulgar escândalos aqui dentro –, a petralhada tem tudo para ficar em estado de “medinho máximo”. O tal “golpe” denunciado por dirigentes petralhas vai acontecer. Não por pura virtude das forças conspiratórias, mas pelos verdadeiros atos criminisos praticados por golpistas que aparelharam o Estado Capimunista brasileiro com o intuito nada ideológico de apenas “roubar muito”.
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.
06 de setembro de 2012Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e
Professor.
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