Reportagem da revista Veja, enviada ao Blog da Tribuna pelo comentarista Darcy Leite, revela que o empresário Marcos Valério, operador do mensalão, tem dito em conversas “com pessoas próximas” que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era o “chefe” da quadrilha responsável por um dos maiores esquemas de corrupção do país.
“Não podem condenar apenas os mequetrefes. Só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé não falamos”, teria dito Valério, na semana passada, segundo a revista.
“Lula era o chefe” é uma das frases ouvidas pela “Veja” e atribuída ao empresário.
Valério começou a abrir o bico
Em outra situação, Valério implica o ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu, considerado como “o chefe da quadrilha” pela Procuradoria-Geral da República. Ao falar sobre a proximidade do ex-ministro com Lula, Valério teria dito: “Do Zé ao Lula era só descer a escada. Isso se faz sem marcar. Ele dizia (a Valério): vamos lá embaixo, vamos”.
Valério ainda acusa o PT de tê-lo usado como “boy de luxo”. “O PT me fez de escudo, me usou como boy de luxo. Mas agora vai todo mundo para o ralo”, diz o empresário, segundo a revista. Marcos Valério, em conversas com amigos, ainda teria dito que o caixa do mensalão foi maior que os R$ 55 milhões apontados no relatório da Procuradoria Geral da República. Pelo esquema teriam passado R$ 350 milhões.
Ainda de acordo com a publicação, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, também réu no mensalão, era um dos interlocutores de Valério no Palácio da Alvorada. “O Delúbio dormia no Alvorada. Ele e a mulher dele iam jogar baralho com Lula à noite. Alguma vez isso ficou registrado lá dentro? Quando você quer encontrar (alguém), você encontra, e sem registro”, dissera o empresário, de acordo com a revista.
Marcos Valério ainda teria revelado detalhes sobre o esquema envolvendo os empréstimos concedidos pelo Banco Rural às agências de publicidade que abasteceram o mensalão. Para Valério, a decisão do Rural de liberar o dinheiro não foi um favor a ele, mas ao governo Lula.
“Você acha que chegou lá o Marcos Valério com duas agências quebradas e pediu: ‘Me empresta aí 30 milhões de reais para eu dar para o PT’? O que um dono de banco ia responder?”.
Como se vê, Valério já está falando informalmente. Se prestar depoimento formal, aí a coisa mudará muito, porque nunca na história política deste país se viu um escândalo como esse.
15 de setembro de 2012
Carlos Newton
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