A participação dos estrangeiros na dívida interna bateu recorde em agosto. Segundo dados divulgados pelo Tesouro Nacional, a fatia da dívida mobiliária interna – em títulos – nas mãos de não residentes subiu para 13,34% (R$ 237,39 bilhões) em agosto, contra 13,22% (R$ 236,47 bilhões) registrados em julho.
De acordo com o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, não apenas a entrada de capital está elevando a participação dos estrangeiros na dívida interna. “Os próprios rendimentos dos títulos, na medida em que são contabilizados, aumentam o saldo de não residentes na dívida”, explica.
Para Garrido, a manutenção do interesse de aplicadores estrangeiros nos títulos do governo brasileiro representa um sinal de confiança na economia do país.
Uma alta participação de estrangeiros na dívida interna torna o país mais vulnerável a crises externas, mas o coordenador descarta riscos para o Brasil. “Esse percentual [em torno de 13%] é baixo em relação aos padrões internacionais”, declara.
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CAPITAL-MOTEL
Segundo o coordenador, a taxação das aplicações de estrangeiros também traz tranquilidade do governo. “O IOF [Imposto sobre Operações Financeiras] evita a entrada de capital de curto prazo (capital-motel), que sai do país no mês seguinte.
Na prática, só os investidores de longo prazo aplicam no Brasil, porque o impacto do imposto sobre os rendimentos [dos títulos brasileiros] será diluído ao longo dos anos”, ressalta.
Desde 2008, o governo cobra IOF sobre aplicações de estrangeiros em renda fixa no país. A alíquota, inicialmente 1,5%, foi gradualmente elevada até chegar a 6% em 2010, percentual em vigor até hoje.
Na avaliação de Garrido, o IOF evita a entrada de capital especulativo e estabiliza o fluxo de investimentos. “Os principais compradores estrangeiros de títulos da dívida interna são seguradoras e fundos de pensão, que investem no longo prazo”, diz.
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