Pulverização dos votos por partidos, com sinais de fragmentação. Insatisfação do eleitorado – com elevado npumero de votos nulos ou em branco, sobretudo em São Paulo. Muita boca de urna ilegal, com recorde de prisões no Rio de Janeiro. Muita sujeira produzida pelos inútreis e caros santinhos jogados no chão por eleitores sujismundos e cabos eleitorais mal educados. Hegemonia do sempre governista PMDB, elegendo o maioria dos prefeitos, e crescimento do PSDB no mesmo quesito, como um recado direto ao PT de que a imagem do partido de Lula está em desgaste. Voto evangélico não faz milagres em disputas para cargos majoritários, quando ocorre polarização com a Igreja Católica.
Eis algumas lições tiradas do resultado eleitoral do 1º turno da eleição sob a vigência da Lei da Ficha Limpa, mas cujas imagens dos locais de votação revelam um aumento da sujeira provocada pela propaganda eleitoral fora da lei. Nove capitais elegeram prefeitos ontem. Em outras 17 capitais e mais 50 cidades haverá 2º turno. Como indicativo de problemas para o PT na próxima eleição presidencial, o PSB emplacou dois prefeitos em redutos petistas: Belo Horizonte e Recife. Simbolicamente, as vitórias também foram de dois presidenciáveis: Aécio Neves (que apoiou Marcio Lacerda em BH) e Eduardo Campos (padrinho do pernambucano Geraldo Júlio).
No segundo turno, brigas feias devem acontecer em São Paulo (José Serra x Fernando Haddad) e em Salvador (ACM Neto x Nelson Pelegrino). Novamente, será testada a popularidade, o carisma e a força de transferência de voto de Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-presidente respirou aliviado com a ida de Fernando Haddad (que nunca disputara uma eleição) para o 2º turno na capital paulista. Mas, além de Haddad, terá de se empenhar muito e contar com a máquina federal para levar Pelegrino a derrotar o carlismo renovado na Bahia.
Fato que chamou a atenção ontem foi a insatisfação do eleitorado paulista. A soma dos votos brancos e nulos chegou ao recorde de 12,78%. O percentual foi mais elevado que nos anos de 2008 (7,92%), 2004 (8,41%), e 2000 (9,28%). Serve aos políticos como um recado direto de que o eleitor ficou nada satisfeito com os candidatos que disputaram este ano. O número tende a ser maior no segundo turno. Devem colaborar para isto o desgaste pessoal de José Serra e a queimação de filme do PT com as condenações no julgamento do Mensalão no STF.
No mais, a conclusão básica é de que as apostas no cassino eletrônico-eleitoreiro do Al Capone são um jogo em que o cidadão-eleitor-contribuinte perde muito, porque o sistema governamental do Crime Organizado não se altera. Apenas ganha novos personagens – ou nem isso, em muitos casos, principalmente nas câmaras de vereadores de capitais, onde a renovação tem sido mínima.
O 2º turno vem aí. Novas composições e conchavos. Muito uso indevido e anti-ético da máquina pública. Espetáculos dantescos de deslealdade e traições políticas, além de brigas que prometem ser homéricas e de baixo nível. Enfim, é assim que se faz politicagem no Brasil. Até que um dia (fica sempre a esperança remota) de que algo mude para melhor...
08 de outubro de 2012
Jorge Serrão
alerta total
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