"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 8 de outubro de 2012

PRECIPÍCIO POLÍTICO

 

 
A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, preocupou-se com os rumos da democracia no Brasil, devido aos crimes causados ao país pelo mensalão.
 
O ex-presidente Lula fingia não existir esse fato, embora informado por dois políticos:
um, aliado partidário, o deputado Roberto Jefferson, do PTB; outro, o governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, partido adversário.

Cármen Lúcia —
disse que “o sistema político brasileiro, criado em 1988, é muito difícil, porque um governo sem maioria parlamentar tende a não se sustentar. Ele cai. Se não cair, pouca coisa será feita. É preciso mais rigor na ética e no cumprimento das leis pelos políticos”.
 
Esse modelo, diz a ministra, exige o rigor que a sociedade espera de cada agente e de cada servidor público.
 
O ministro Lewandowski acha que Genoino, do PT, faz isso.
 
O senador Pedro Simon, do PMDB gaúcho, em suas Reflexões para o Brasil do século 21, mostrou o xis do problema: os governos legislaram em lugar do Congresso. “A política foi para o precipício.”
Para este escriba, a reforma política devia comportar a adoção do parlamentarismo. Esse sistema vigorou no império, sob a monarquia hoje impensável, mas vigora em democracias republicanas.
A monarquia brasileira não volta, mas após o governo republicano de Bernardes (sob ditadura, em seis meses de 1924), o deputado José Maria dos Santos mostrou, em sua Política geral do Brasil, que só graças ao parlamentarismo o Brasil manteve sua integridade territorial e social, apesar da ferrenha luta separatista dos gaúchos, no império, de 1835 a 1945.
 
Várias ditaduras fecharam nosso parlamento.
Jânio renunciou em 1954, Jango assumiu o poder. Os militares impuseram-lhe o parlamentarismo. Derrotado esse, em consulta ao povo, Jango continuou o presidencialismo; porém, nele foi deposto.
 
Sem parlamentarismo, os militares adotaram o presidencialismo ditatorial, por 21 anos, no país.
 
O parlamentarismo de verdade, numa República, de ficha limpa, é o melhor remédio para preservar a democracia contra golpes e golpistas.
 
Rubem Azevedo Lima Correio Braziliense
08 de outubro de 2012

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