"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 27 de outubro de 2012

CARTAS DE BUENOS AIRES: A CAPITAL DOS PEQUENOS TRAMBIQUES

 

“Eles estão, mas você não os vê. Estão, mas não estão. Fique de olho na sua bolsa, na bagagem, na porta, na janela e no carro. Cuide do próprio rabo. Porque eles estão aqui, vão sempre estar aqui. Não são ladrões comuns. São picaretas, trombadinhas, trapaceiros, malandros, bandidos, arrebatadores, batedores de carteira, vigaristas, larápios, gatunos, vagabundos, pixotes, golpistas, tapeadores, embusteiros, pivetes, trapaceiros...”

O trecho acima é extraído do filme argentino “Nove Rainhas”, de 2001, que já virou um clássico no que diz respeito ao mundo dos picaretas locais, e retrata a Buenos Aires cheia de trambiques que em geral continua a mesma.

Um dos principais destinos de turistas brasileiros, Buenos Aires, ainda que mais segura que muitas das grandes capitais brasileiras, pode causar muitos dissabores aos desatentos.

O problema aqui, pelo menos no diz respeito ao turismo, é a abundancia de pequenos golpes que, normalmente, não envolvem armas nem agressões físicas.

Entre os crimes mais comuns está a troca de notas verdadeiras por falsas. O problema ficou tão grave que impulsionou o consulado brasileiro a alertar turistas no ano passado, enquanto o governo local faz vista grossa para não admitir que perdeu totalmente o controle.

Em 2010, até velhinhos chegaram a denunciar o pagamento da aposentadoria com notas de dinheiro falsas retiradas dos bancos.

O truque é velho e simples: o turista paga com uma nota de cem pesos, o garçom ou taxista aceita a nota, trocando, a pretexto de que não possui troco, por outra falsa.

Segundo a Defensoria do Turista, são pelo menos 500 queixas formais por dia. A Associação Argentina de Direito Turístico (ADETUR) informa que, só no ano passado, os crimes contra viajantes cresceram cerca de 50%. Nos pontos turísticos, a malandragem rola solta.

Em Palermo, um bairro de classe media da capital, e no centro, proliferam os motochorros, ladrões de moto que são capazes de puxar uma bolsa e desaparecer com ela em questão de segundos.

Como são os golpes e trambiques ao redor do mundo é o tema da nova série “Scam City” (A capital do delito), da National Geographic. Um dos primeiros capítulos contempla nada menos do que Buenos Aires.

Nele, o aventureiro e apresentador Conor Woodman (foto abaixo) mostra em detalhes os truques e armadilhas mais comuns que podem acometer um turista em visita à capital.


O programa vai ao ar no Brasil nesta segunda-feira (dia 29) às 14h20, segundo a grade de programação do canal. Vale a pena conferir e se precaver para que a visita a Buenos Aires não se transforme em um tango. Malandro é malandro e mané é mané, muchachos.

27 de outubro de 2012
Gabriela G. Antunes é jornalista e nômade. Cresceu no Brasil, mas morou nos Estados Unidos e Espanha, antes de se apaixonar por Buenos Aires. Na cidade, trabalhou no jornal Buenos Aires Herald, mantém o blog Conexão Buenos Aires e não consegue imaginar seu ultimo dia na capital argentina.

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