Alguns petistas, sem
desconfiarem da tolice que estão cometendo, querem, praticamente, cassar os
poderes da Procuradoria Geral da República no combate à corrupção no país. Essa
foi uma conquista da Constituição de 1988.
A ação dos que
pensam em punir o Ministério Público pode chamar-se de nazismo! Já se diz que
essa medida foi encomendada pelo ex-presidente Lula à sua gente
prestativa.
No caso, porém,
deram-se tropeços. A Polícia Federal localizou, em São Paulo, um imenso viveiro
de corrupção: o escritório para presidentes da República que se deslocassem
àquela cidade. Lula o frequentou muito, durante seus mandatos.
Indaga este escriba
aos petistas do mensalão: a Polícia Federal também devia ser punida por
descobrir e divulgar o novo contingente dos corruptos que fazem negócios escusos
às custas do erário e à sombra do governo? A dirigente do escritório-viveiro,
Rosemary Noronha, nomeada por Lula, que, em geral, a levava nas viagens ao
exterior, foi agora demitida pela presidente Dilma.
O que acham os
petistas desse novo escândalo? Será ele outra espantosa trapaça da imprensa e da
oposição? Outra grande mentira? Pois não é. O Brasil transpira corrupção por
todos os poros. Até no futebol se rouba medalha, imagine, leitor, nas
construções de estádios e nos problemas clubísticos.
Cansados de ouvirem
alusões que os atingem, os jornalistas tendem a repetir o que disse Nelson
Rodrigues à sua entrevistadora, a doce Clarice Lispector (in Bravo, abril,183);
sabedora do drama do dramaturgo, com o filho preso nas jaulas de 1964,
perguntou-lhe qual era sua posição política. Ele respondeu, do fundo do coração:
“Eu não sou canalha da direita nem da esquerda”.
Parabéns,
Lula.
O prazo do processo
de seu filho, aquele que chamou de Pelé dos negócios, acabou. Ele recebeu R$ 5
milhões, há sete anos, uniu-se à Brasil Telecom e criou a Oi. Mudaram-se as
regras e fez-se a fusão.
Hoje, a Oi está no
vermelho.
Ele não era Pelé e —
quem sabe? — a corrupção geral, que abala o Brasil, quebrou seus
negócios.
Rubem Azevedo Lima
Correio Braziliense
03 de dezembro de 2012
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