"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

GURGEL DEVE PEDIR PRISÃO IMEDIATA DA GANGUE DO MENSALÃO DE LULA

Gurgel deve pedir prisão imediata de réus do mensalão. Joaquim pode decidir ele próprio ou submeter tema ao plenário; perda de mandatos também será discutida

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deverá propor esta semana ao plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão imediata dos réus condenados do mensalão. O presidente da Corte, Joaquim Barbosa, relator do processo, poderá decretar as prisões ele mesmo ou submeter a questão aos demais ministros.
Se for decidido em plenário, o mais provável é que o pedido seja negado pela maioria do tribunal. Isso porque, em outros processos penais, o STF declarou que a prisão não é imediata, exceto quando o condenado oferece perigo à sociedade.

Como todos os réus do mensalão são primários, os ministros podem valer-se da mesma tese. Nesse caso, a expectativa é que as prisões só ocorram em 2013. O julgamento será retomado na quarta-feira, já que a sessão de hoje foi cancelada a pedido de alguns ministros.

Também esta semana, o tribunal vai decidir se os parlamentares condenados perderão o mandato imediatamente ou se isso dependerá de novo processo na Câmara. Os ministros estão divididos sobre a polêmica. Além desses dois assuntos, os ministros devem discutir também a redefinição de penas e multas já aplicadas aos condenados.

Após o fim do julgamento, o STF tem prazo de 60 dias para publicar o acórdão — uma espécie de resumo da decisão. Em seguida, será aberto prazo para defesa e Ministério Público recorrerem com embargos declaratórios. Depois de julgados os recursos, o STF determinará as prisões. A jurisprudência do tribunal mostra que prisões imediatas são determinadas em crimes de morte ou de grave agressão à vítima.

Após calculadas as penas dos 25 condenados, na quarta-feira o primeiro assunto a ser tratado pelos ministros deve ser o mandato dos parlamentares João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT). E também o de José Borba, que foi deputado pelo PMDB e hoje é prefeito de Jandaia do Sul, no Paraná. Celso de Mello e outros ministros pediram o cancelamento da sessão de hoje para que tivessem mais tempo para estudar o tema. A proposta foi aceita.

O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), já disse que, independentemente da decisão do tribunal, os deputados analisarão se os parlamentares perderão os mandatos. Em resposta, o ministro Marco Aurélio Mello foi duro:

— Não adianta espernear, a última palavra é do Supremo.

Otimista, Joaquim pautou outros processos para quinta-feira. No entanto, as pendências do mensalão não devem permitir novos julgamentos.

03 de dezembro de 2012
Carolina Brígido - O Globo

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