Faz alguns anos, num feriado ventoso, li
Uma Questão Pessoal, romance do japonês Kenzaburo Oe, que ganhou o Nobel de
Literatura no ano de 1994 (ler um livro, para mim, é também marcar na alma,
junto com os personagens e a ficção alheia, um tempo, um espaço físico, o estado
de espírito que me dominava nos dias daquela leitura).
Uma questão pessoal conta a história de um jovem pai cuja esposa acaba de dar à luz um menino com grave anomalia – a síndrome do cérebro bipartido – e que, nos primeiros dias de vida dessa criança condenada a um futuro difícil e duvidoso, vaga em desespero pelas ruas de Tóquio almejando a morte do seu primogênito.
Um livro triste e intenso, a história de um pai que primeiro renega mas que acaba por aceitar, e abraça a sina do seu filho excepcional. Alguns anos mais tarde, quando li O Filho Eterno, de Cristóvão Tezza (outro pai, outro filho, outra obra interessante), me foi impossível não voltar a pensar na vida e no feito literário de Kenzaburo Oe – pois a existência desse menino doente, dessa criança com sérias limitações cerebrais e com autismo acabou por ser a linha mestra, uma espécie de prumo de toda a ficção e de toda a escrita de Kenzaburo Oe. Imagino, também, da sua própria vida.
Acabei de ler Jovens de um Novo Tempo, Despertai. Um livro difícil e até mesmo estranho, mas com o qual Kenzaburo Oe nos rapta para um viés da vida, para um espaço indistinto, nem imperioso nem discreto – uma espécie de rio submerso na fúria cotidiana da vida – um espaço feito de delicadezas e de pequenas violências, feito de poesia e de humildade: a aventura de um homem na casa dos 50 que decide escrever um manual de definições do mundo para o seu filho excepcional que já vai completar 20 anos;
a história de um escritor que sempre estudou o poeta inglês Willian Blake e que, mais ainda, acreditou nos seus poemas como vaticínios para a sua própria existência; a vida cotidiana de um pai que tem no seu filho doente um contraponto aos seus próprios limites.
Um livro belíssimo, um chamado à coragem de viver esta vida com todos os seus miseráveis e grandes acontecimentos. Findei a última página com uma sensação de transfiguração da realidade, como quem acaba de dar um mergulho e, limpo e fresco, abre os olhos para um céu mais azul.
Uma questão pessoal conta a história de um jovem pai cuja esposa acaba de dar à luz um menino com grave anomalia – a síndrome do cérebro bipartido – e que, nos primeiros dias de vida dessa criança condenada a um futuro difícil e duvidoso, vaga em desespero pelas ruas de Tóquio almejando a morte do seu primogênito.
Um livro triste e intenso, a história de um pai que primeiro renega mas que acaba por aceitar, e abraça a sina do seu filho excepcional. Alguns anos mais tarde, quando li O Filho Eterno, de Cristóvão Tezza (outro pai, outro filho, outra obra interessante), me foi impossível não voltar a pensar na vida e no feito literário de Kenzaburo Oe – pois a existência desse menino doente, dessa criança com sérias limitações cerebrais e com autismo acabou por ser a linha mestra, uma espécie de prumo de toda a ficção e de toda a escrita de Kenzaburo Oe. Imagino, também, da sua própria vida.
Acabei de ler Jovens de um Novo Tempo, Despertai. Um livro difícil e até mesmo estranho, mas com o qual Kenzaburo Oe nos rapta para um viés da vida, para um espaço indistinto, nem imperioso nem discreto – uma espécie de rio submerso na fúria cotidiana da vida – um espaço feito de delicadezas e de pequenas violências, feito de poesia e de humildade: a aventura de um homem na casa dos 50 que decide escrever um manual de definições do mundo para o seu filho excepcional que já vai completar 20 anos;
a história de um escritor que sempre estudou o poeta inglês Willian Blake e que, mais ainda, acreditou nos seus poemas como vaticínios para a sua própria existência; a vida cotidiana de um pai que tem no seu filho doente um contraponto aos seus próprios limites.
Um livro belíssimo, um chamado à coragem de viver esta vida com todos os seus miseráveis e grandes acontecimentos. Findei a última página com uma sensação de transfiguração da realidade, como quem acaba de dar um mergulho e, limpo e fresco, abre os olhos para um céu mais azul.
LETICIA WIERZCHOWSKI
12 de abril de 2012
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