"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

COMEÇA NA VENEZUELA A RESISTÊNCIA À INFLUÊNCIA POLÍTICA DE CUBA

    
          Notícias Faltantes - Foro de São Paulo 
Caracas, 24 de janeiro - Experts em soberania nacional se juntaram ontem em um foro realizado pelo diário El Nacional, para avaliar a situação venezuelana sobre a ingerência do regime cubano nos assuntos internos do país. Lá invocaram a Carta Magna para exigir à Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) fazer respeitar a independência venezuelana.

A propósito da enfermidade do presidente da República, Hugo Chávez, que se encontra na ilha, a oposição critica que o vice-presidente executivo, Nicolás Maduro, e demais integrantes da cúpula oficialista, vão receber orientações dos Castro.

O general da reserva Rafael Montero Revette sublinhou que o Artigo 13 da Constituição Nacional indica que a FANB deve defender o território, “mas não faz nada”. “Temos os cubanos em todas as áreas estratégicas do Estado. Além disso, a guerrilha colombiana aplica “pedágios” na fronteira, os chineses e os iranianos também intervêm em assuntos internos, e a Força Armada não faz nada”.

Revette assegurou que procura-se o controle de toda a FANB, com as reforma à lei que a rege, “porém não puderam porque 80% são constitucionalistas, sobretudo os que são de tenentes-coronéis para baixo. Entretanto, alguns generais também o são”, destacou. “Milícias iranianas e militares cubanos assessoram as Milícias Bolivarianas, quando esse componente não tem grau constitucional. Esse é o braço armado do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV)”, afirmou.

Para se opor ao que ocorre, o general chamou a oposição para se unir, como ocorreu em 1958, quando se derrubou Marcos Pérez Jiménez. “Não deixemos os estudantes sós!”, exclamou.

Enrique Aristiguieta Gramcko, que foi integrante da Junta Patriótica de 1958, opinou que a Mesa de Unidade Democrática (MUD) fez bem em destacar a ingerência cubana em seu manifesto deste 23 de janeiro. Gramcko indicou que na Constituição Nacional há um artigo que ordena como atuar em caso de que não se respeite a soberania da nação, o 333, o qual estabelece que a Constituição “não perderá sua vigência se deixar de observar-se por ato de força ou porque foi derrogada por qualquer outro meio distinto ao previsto nela. Em tal eventualidade, todo cidadão investido ou toda cidadã investida ou não de autoridade, terá o dever de colaborar com o restabelecimento de sua efetiva vigência”.

Em tal sentido, Aristiguieta Gramcko manifestou que “este é um governo de fato, que viola as leis com um pseudo vice-presidente imposto a dedo. É mais perigoso que o regime perezjimenista porque além de autoritário é totalitário”. Segundo o ex-guerrilheiro Héctor Pérez Marcano e o jurista Asdrúbal Aguiar, na Venezuela há entre 70 mil e 100 mil cubanos, “muitos deles estão aqui para assessorar em vários âmbitos e assim repetir aqui o estilo castro-comunista”.

Não obstante, Aristiguieta Gramcko assinalou que a deputada psuvista, Tania Díaz, declarou que chegaram à Venezuela nestes 14 anos, 47 mil cubanos “mas eu creio que são mais, acrescentou o advogado.

Asdrúbal Aguiar se referiu aos chamados que os opositores fazem às instituições internacionais, e reiterou que elas se transformaram em clubes de presidentes. “Não acreditem que outros virão solucionar o nosso problema”. Porém, enfatizou que a comunidade internacional, gratuitamente, não fará aquilo que os venezuelanos não fazem. A seu juízo, a direção opositora não envia mensagens mais claras sobre o que acontece na Venezuela e as ações a empreender.

Maduro recebe instruções de Cuba para ganhar as FAN

 
“Nicolás Maduro recebe instruções de Cuba para ganhar a oficialidade da Força Armada Nacional”, assegurou o general da reserva Rafael Montero Revette, ex-ministro da Defesa. O militar informou que desde 17 de janeiro celebraram-se três reuniões, nas quais funcionários do Governo tratam de convencer os militares a avalizar a sentença do Tribunal Supremo de Justiça sobre a continuidade presidencial.

Ele relatou que uma reunião foi dirigida pelo vice-presidente executivo no Forte Tiuna, junto com o Ministro da Defesa, almirante-em-chefe Diego Molero Bellavia, e o presidente da Assembléia Nacional, Diosdado Cabello. Outro encontro teria sido uma conferência do deputado Pedro Carreño na Guarda Nacional e o terceiro, dirigido pelo general Jorge García Carneiro, governador de Vargas, em uma unidade operacional da Armada.

Montero enfatiza que Chávez violou o Artigo 13 da Constituição, que estabelece: “O território não poderá ser jamais cedido, traspassado, arrendado, nem de forma alguma alienado”. Ele repudiou que a FAN não tenha feito nada para impedir o avanço da presença cubana e descumpra a missão de garantir a independência e a soberania do país.

Assegurou que a milícia é treinada por cubanos e iranianos, mas afirmou que não acredita que o número de militares cubanos no país seja muito grande porque seria impossível ocultá-los. “Se esta crise continua pode haver um enfrentamento de baixo nível entre a FAN e a Milícia”, advertiu.
O ex-ministro participou do foro A Ingerência Indevida de Cuba na Venezuela, realizado pela organização “Venezuela Soberana” e outras ONG´s, moderado por Manuel Felipe Sierra na sede de El Nacional.

Durante a abertura do evento, o presidente-editor de El Nacional, Miguel Henrique Otero, considerou importante debater o tema em meio da situação do país e as expectativas dos cidadãos. Destacou que a tomada de decisões desde outro país afeta a soberania, independência e auto-determinação da Venezuela.

“Nosso país é o legado de um passado que nos pertence e pelo qual devemos lutar”. (...)“Acabo de chegar da Colômbia de uma reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa, e a pergunta é: como é possível que na Venezuela se permita que se governe desde Cuba, ou que Cuba tenha essa ingerência tão espantosa sobre a Venezuela?”, indicou.

Plano continental

 
Héctor Pérez Marcano, que participou da invasão a Machurucuto desde Cuba em 1967, destacou que o país passou da colonização espanhola para a cubana. Afirmou que o projeto de se adonar do país não é novo, posto que desde 1966 o governo de Fidel Castro projetou um plano continental para a América Latina, cujo troféu era a Venezuela. Ele manifestou que Chávez foi o eixo de Castro desde que era candidato, quando foi recebido com honras, do mesmo modo que Daniel Ortega.

“Diariamente chegam quatro aviões de cubanos ao aeroporto de Charallave”, disse. Pérez Marcano acrescentou que José Lavandero, que é vice-reitor da Universidade para as Ciências da Informática em Cuba, tem um escritório no Forte Tiuna, desde onde opera para dirigir as ações de seus compatriotas. Destacou que Lavandero é a ligação com Abdón Hernández, representante do PSUV no Conselho Nacional Eleitoral, e o SAIME (Serviço Administrativo de Identificação, Migração e Estrangeiria), para intervir nos venezuelanos.
O advogado Asdrúbal Aguiar calculou que a “retaguarda” de cubanos no país é de 100.000. Destacou que o problema fundamental da Venezuela é o golpe constitucional, cuja edição 153 foi de 10 de janeiro.

E sublinhou: “O gendarme está agonizando. Nenhum gendarme pode atar o futuro nem deixar sob testamento suas qualidades carismáticas”. Lamentou que os 14 anos de governo de Chávez tenham atrasado a chegada do século XXI ao país. “No momento, o que os venezuelanos não façamos por nós mesmos, a comunidade internacional não vai fazer gratuitamente”, referiu Aguiar.

Enrique Aristiguieta Gramcko, da ONG “Venezuela Soberana”, informou que o manifesto no qual se rechaça a ingerência cubana, e que foi questionado pelo chavismo em 23 de janeiro, já vai com 6.000 assinaturas. Ele insistiu em chamar o país e a FAN a despertar para fazer cumprir a Constituição. “O mais triste é que o Governo suplique a um país evidentemente inferior à Venezuela em tudo, que venha nos dizer como fazer nossas coisas”, sublinhou.

Havana decide

 
A oposição rechaçou que o destino dos venezuelanos se dirija desde Cuba porque ao fazê-lo se viola a Constituição. O integrante de Primeiro Justiça, Alejandro Mejía, expressou: “Há uma ponte aérea entre Cuba e Venezuela, e os ministros que não estão ratificados pelo povo são os que tomam decisões importantes no país. Parece que há uma pessoa por trás de uns controles remotos dirigindo Nicolás Maduro e Diosdado Cabello, assinando decretos e tomando decisões”.

Ele citou o Artigo 18 da Constituição, que assinala que o assento dos poderes está em Caracas, e assegurou que se o mandatário pode assinar um decreto, também pode se comunicar com os venezuelanos por via telefônica. “O que fazemos é ver uma assinatura que qualquer um pode falsificar. Por isso lembramos o Artigo 218 da Constituição que fala de traição à pátria e nos perguntamos: quem são os traidores da pátria?”, acrescentou.

Pedro Pablo Alcántara, dirigente de “Um Novo Tempo”, lamentou que os funcionários venezuelanos tenham que viajar a Havana para receber ordens.“Prostrados e com o joelho em terra os entreguistas Nicolás Maduro, Elías Jaua, Rafael Ramírez e Diosdado Cabello cedem de maneira efetiva o exercício do governo soberano da Venezuela aos cubanos”.

O deputado Eduardo Gómez Sigala também criticou que os governantes tenham que ir a Cuba fazer consultas que, assegurou, não são a Chávez porque ele está incapacitado. “Quem está dirigindo essa estratégia internacional que está fazendo tanto dano ao país? Essa vergonha é o que demonstra a falta de soberania, de autonomia e a falta de capacidade dos que estão no poder”, acrescentou.
 
31 de janeiro de 2013
Notitarde e El Nacional  
Fontes: Notitarde e El Nacional
Tradução: Graça Salgueiro

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