Os otimistas e a turma do oba-oba, que, às vezes, se confundem, falam que 498 dias são mais que suficientes para se formar uma grande seleção e que Felipão e Parreira são os únicos capazes de suportar a pressão de comandar uma Copa no país.
Dizem que, em casa, o Brasil é o principal favorito e que a seleção possui Neymar e vários outros grandes craques.
Os realistas, críticos, também chamados de pessimistas, dizem que não haverá nenhum legado técnico após a Copa, mesmo se o Brasil for campeão.
Falam que o futebol brasileiro, fora raras exceções, como o Corinthians, desaprendeu a jogar coletivamente, que o Brasil só tem um craque, Neymar, e que há seleções melhores.
Os otimistas e a turma do oba-oba falam que o dinheiro do BNDES não é público, que é comum os estádios ficarem mais caros que o previsto, que nenhum se tornará elefante branco, porque são arenas multiuso, que os novos estádios e gramados vão melhorar a qualidade do futebol e que o desalojamento de famílias e a desapropriação de bens públicos foram exigências da Fifa.
Os realistas e críticos dizem que quase todos os estádios são construídos com dinheiro público (BNDES, diminuição de impostos e outras vantagens), que os estádios de Brasília, Cuiabá e Manaus serão elefantes brancos, que os estádios existem para se jogar futebol e, depois, serem sedes de outros eventos e, não, o contrário.
Alegam que quase todos estão superfaturados, com enorme variação de preços, e que, por ser caríssima a manutenção, não serão rentáveis, a não ser que os ingressos sejam muito caros.
LEGADO Á POPULAÇÃO?
Os otimistas e a turma do oba-oba falam que haverá um grande legado à população, que o turismo será beneficiado, que não haverá confusão em aeroportos no período da Copa do Mundo, porque diminuirá bastante o número de passageiros habituais.
Os realistas e críticos falam que os aeroportos continuarão tumultuados, desorganizados, superlotados, que a maioria das obras perto e ao lado dos estádios, o tão falado legado da mobilidade urbana, não ficará pronta ou já está cancelada e que o dinheiro público para outras obras urgentes e importantes, para os setores de saúde, transporte, saneamento básico e infraestrutura, foi transferido para o Mundial.
Não tenho dúvidas de que os estádios estarão prontos e lindos, que temos condições de fazer uma Copa tão ou mais organizada que a da África do Sul, que o torcedor vai curtir uma grande festa, ainda mais se o Brasil avançar na competição e for campeão.
Mas não podemos fechar os olhos a tantos absurdos, a tanto gasto desnecessário e excessivo e a duas grandes mentiras: a de que não haveria dinheiro público e que a Copa deixará um grande legado social e urbano à população.
31 de janeiro de 2013
Tostão (O Tempo)
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