"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A RELIGIÃO, SEGUNDO DAVID HUME

 

Ao longo da história, a religião tem inflamado o fanatismo mais que qualquer outra coisa. Leio, no iPad, a monumental História da Inglaterra de David Hume, filósofo, historiador e escritor inglês do século XIX. (O iPad é uma festa para quem quer encontrar e ler clássicos de graça.)
E uma passagem me remete a um tema que despertou entre os leitores uma apaixonada polêmica: a religião.



Hume, um dos grandes ideólogos do liberalismo, viveu e morreu como um verdadeiro filósofo. Era um homem simples, frugal, honesto, leal, corajoso, moderada até em sua única vaidade — literária. Segundo seu amigo e admirador Adam Smith, Hume chegou moralmente ao ponto mais alto que a fragilidade humana permite.

Vários trechos da A História da Inglaterra me despertam a atenção admirada. Num deles, no capítulo que trata de Carlos I, o rei inglês que se bateu com o Parlamento e acabou deposto e decapitado em meados do século XVII na primeira revolução burguesa da humanidade, Hume lança um olhar para a influência da religião entre os britânicos nos dias do monarca infeliz.

Assim disse Hume: “De todas as nações européias, a Grã Bretanha era naquele momento, e por muito mais tempo, a mais influenciada por aquele espírito religioso que tende mais a inflamar o fanatismo do que a promover a paz e a caridade.” São palavras eternas.

Lamentavelmente, ao longo da história, a religião tem servido muito mais para piorar do que para melhorar as pessoas e a sociedade.
Quem acaba dominando-a não são os moderados, os tolerantes, aqueles que aceitam a diversidade. São os radicais, os fanáticos, os que acham que podem matar os infiéis em nome de seu Deus, seja qual for.

31 de janeiro de 2013
Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo)

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