"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

IMPOSTOS DEMAIS

 

São compreensíveis os esforços do governo para redução dos custos da energia e da mão de obra. Mas o fundamental aqui é exatamente remover os impostos que encarecem artificialmente nossos custos de produção.

O excesso de impostos tira competitividade da economia brasileira. A mão de obra fica mais cara pelos elevados encargos sociais e trabalhistas. As empresas têm dificuldade em criar e manter empregos. Os efeitos são ainda mais devastadores sobre os trabalhadores pouco qualificados.

As indústrias que usam intensivamente essa mão de obra de baixa produtividade e alto custo não conseguem competir com as importações. E a energia mais cara derruba, da mesma forma, nossa competitividade nos mercados globais.

Temos reduzido seletivamente os encargos que incidem sobre os salários. Os setores beneficiados recebem estímulos não apenas para garantir a manutenção de empregos existentes mas também para ampliar a oferta de empregos e até mesmo aumentar os salários.

Mas com receio de perder receita, pois não consegue ainda controlar seus gastos, o governo acabou aumentando impostos sobre o faturamento das empresas. Além disso, deixou de fora setores intensivos em capital humano, críticos para nosso futuro, como a educação.

A redução dos impostos seria também a melhor solução para cortar custos e estimular os investimentos na área de energia. Era possível ter luz mais barata para os eleitores, custos de energia mais baixos para a indústria e, ao mesmo tempo, maiores investimentos para garantir a expansão da energia futura.

Mas não foi o que ocorreu. Houve enorme destruição de riqueza e desestímulo aos investimentos no setor.

Ainda não conseguimos promover ambiente favorável aos investimentos privados. O Banco Central derrubou os juros, mas a sustentação de sua política de dinheiro barato é duvidosa, pois há pouco controle de gastos públicos.

A “contabilidade criativa” nos resultados fiscais trouxe desnecessário desgaste à credibilidade do governo. As transferências “parafiscais” aos bancos públicos prosseguem. E os investimentos em infraestrutura, energia, petróleo e gás esbarram ainda na regulamentação deficiente.

Mas teremos em 2013 expansão cíclica em torno dos 3% e inflação ao redor dos 6%. É o melhor que podemos esperar.

28 de janeiro de 2013
Paulo Guedes, O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário