"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

EM 1994 COMEÇOU A DISPUTA PRESIDENCIAL PSDB-PT.

Agora o resultado está 3 a 2. Em 2014, completando 20 anos, o PT estará vencendo por 4 a 2. O país não será também vencedor. Mas com o PSDB, retrocesso certo, um país novamente perdedor.

 
A história presidencial de FHC se consolida em 1994. Mas na verdade começa em duas outras oportunidades. 1986, suplente em exercício de senador, se candidata a senador de verdade.
Eram duas vagas, o companheiro de chapa, Mario Covas. 1993, depois do impeachment de Collor, Itamar assume e como tinha apenas dois anos de mandato, equivocadamente se decide por FHC para seu sucessor.
E joga toda a máquina na eleição e vitória do sociólogo da Fundação Ford.
 


Examinemos ligeiramente as barbaridades políticas, eleitorais e financiadoras que FHC praticou.
Em 1986 existiam 3 candidatos a governador de São Paulo. Um deles era Maluf, que iria lançar para o Senado o ex-“governador” da ditadura, José Maria Marin. (Esse mesmo que 25 anos depois controla a paixão dos cidadãos, que é o futebol).

FHC teve vários encontros com Maluf, até na sua própria casa, o que irritou profundamente a grande figura que era sua mulher, Dona Ruth.
Fez acordo com Maluf, este não lançou candidato ao Senado, apoiou FHC. E ainda insiste em falar em moralidade. Criticou Lula quando apareceu publicamente com o mesmo Maluf.

O segundo candidato a governador era Antonio Ermírio de Moraes, riquíssimo e com obsessão pela política. Critiquei muito Ermírio de Moraes, um dia, no Grand Slam de Roland Garros, seu irmão José me disse: “Helio, você tem razão. Eu já falei com o Antonio, empresário ou político, as duas coisas, não”.

Antonio Ermirio ia lançar para o Senado um dos maiores amigos de FHC, este falou: “Com candidato ao Senado, você não terá meu apoio”. Ermírio de Moraes “demitiu” imediatamente o previsível candidato ao Senado, FHC ficou sozinho, ele e Covas.

O terceiro candidato a governador, a maior figura do PMDB de São Paulo, era Orestes Quércia, que foi eleito fácil e disparadamente. Sem adversários.

FHC teve 8 milhões de votos, a mesma coisa de Covas. Foi a última disputa pelo PMDB, fundaram logo o PSDB. Dizia: “Não posso conviver com Quércia”. Com Maluf e outros, podia?

Veio o impeachment de Collor, Itamar, excelente figura, mas rigorosamente ingênuo, nomeou FHC para tudo. Ministro da Fazenda, Ministro do Exterior, candidato a presidente em 1994. Mas FHC não tinha nenhuma segurança de vitória.
Basta este exemplo: o mandato de presidente era de 5 anos, FHC seduziu Itamar para reduzir o mandato para quatro anos.

Ora, quem disputa a presidência com todo o apoio da máquina e do presidente no Planalto, por que reduzir o mandato? A não ser que não acredite na própria vitória. Ganhou, “compraria” a reeleição pela primeira vez na História da República.

EM 1998, LULA É QUE NÃO
ACREDITAVA NA VITÓRIA
 
Contabilizada a destituição da cláusula pétrea que proibia a reeleição, Lula se lançou apenas para consolidar a vaga em 2002. Foi o que aconteceu. Mais forte pela própria trajetória e favorecido pela trajetória negativa e angustiante de FHC, eis Lula transformado em presidente.

Reeleito em 2006, tentou o terceiro mandato GERAL, Lula não conseguiu, como FHC também não conseguira. Na verdade os dois só têm esse traço parecido: se deixarem, não saem do Poder, ou voltam, dependendo da idade.

SEM NENHUM SUSTO, O PT IRÁ
AMPLIAR A VANTAGEM EM 2014
 
Que o PT obterá a quarta vitória seguida, nenhuma dúvida. E pode até nem ser com o PSDB, que vem se desmanchando política, eleitoral, partidariamente.
Há muito tempo o candidato do PSDB é Aécio Neves. Mas também há muito tempo, o neto de Tancredo não se firma nem se confirma como candidato.

A sorte de Aécio é que seus substitutos dentro do partido seriam Serra e Alckmin, já três vezes derrotados. Mas a falta de sorte é que, sem São Paulo, Aécio não ganha eleição. E para infelicidade geral, quando se juntam São Paulo e PSDB, a equação só se fecha com Serra e Alckmin.

DONA MARINA SILVA E OS
SEUS 20 MILHÕES DE VOTOS
 
É um equívoco infeliz, Dona Marina pensava mesmo que fosse surgir como terceira força. Não é nem a quarta nem a quinta, se quisesse ser já deveria ter tentado há 20 anos. Agora é muito tarde.
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PS – Desculpem, a culpa não é minha nem do blog. Todos se lançaram na aventura presidencial, com 20 meses de antecedência. O que fazer?

PS2 – E como existe muita coisa não esclarecida, temos que tentar. Sem privilégio para ninguém, total isenção.

25 de fevereiro de 2013
Helio Fernandes

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