Caso 2014 fosse ano apenas de eleições presidenciais, nem seria preciso realizá-las. Com um pouco de exagero, até os tucanos apoiariam Dilma Rousseff, na maior coligação partidária de nossa História. Não haveria uma única legenda interessada em ficar à margem do poder.
Como serão eleições gerais, para o Congresso, os governos estaduais e as assembleias legislativas, mistura-se a equação, complicando-se as previsões. Por isso o Lula preocupa-se tanto em manter a coligação que respalda a sucessora.
Só por milagre obterá sucesso, mesmo assim às custas do PT, se os companheiros estiverem dispostos ao sacrifício. Porque para garantir o apoio a Dilma, o PT precisará abrir espaço para candidatos a governador do PMDB, do PSB, do PP, do PR, do PDT, do PSD e penduricalhos.
Esses partidos jogarão sua sobrevivência na tentativa de dominar estados grandes e pequenos. Disputarão as preferências populares, sem falar nas oposições, com PSDB, DEM e PPS à frente. E com o PT, se não quiser voltar a ser um pequeno partido.
Por enquanto, do lado do governo, prevalece a credibilidade nas promessas de unidade em torno do segundo mandato de Dilma e de uma educada tertúlia entre os diversos candidatos a governador. Quando as campanhas esquentarem, porém, será lambada para todos os lados. Atrás do voto do eleitorado valerá tudo.
Esperar a presidente frequentando os variados palanques é sonho de noite de verão, devendo a recíproca ser verdadeira: se ela apoiar um candidato a governador do PT despertará a animosidade dos demais partidos da base, com reflexo simultâneo nas eleições presidenciais.
Eis um nó para o Lula desatar, agora que passa a cuidar em tempo integral da coligação.
PERDENDO TEMPO
Vai se completar uma semana desde que o Lula, de público, manifestou-se pela candidatura de Dilma à reeleição.
Aguardava-se que o governador Geraldo Alckmin fizesse o mesmo com relação a Aécio Neves, quer dizer, afastando sua própria candidatura presidencial e contribuindo para a unidade no ninho dos tucanos. Até agora, porém, nenhum sinal à vista.
SINAL DOS TEMPOS
Tancredo Neves era careca e tinha sua arcada dentária inferior projetada sobre a superior. Jamais pensou em implante de cabelos ou em ir ao dentista para corrigir o defeito. Tinha outros objetivos em mente.
Já o neto acaba de passar pelo bisturi para tirar rugas e outras melhorias no visual. Sinal dos tempos…
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