Março está terminando e há quem imagine não passar de abril.
Fala-se da conclusão, no Supremo Tribunal Federal, da primeira versão do relatório do julgamento do mensalão.
A versão definitiva só será redigida depois do julgamento dos embargos que os advogados dos condenados apresentarem. Na teoria, é possível que o plenário da mais alta corte nacional de justiça modifique algumas sentenças, determinando alterações no texto do relatório.
Os embargos precisarão ser apresentados em prazo rápido, após a publicação inicial, mas deverá demorar a sua apreciação, pois cada um deles será votado por cada um dos ministros. A previsão é de que apenas no segundo semestre tenha o processo transitado em julgado, momento em que os condenados serão conduzidos à cadeia, para cumprimento das respectivas penas.
Melhor seria dizer “às cadeias”, pois terão a prerrogativa de ficar presos em estabelecimentos próximos de suas residências. Uns moram em São Paulo, outros em Minas, no Rio, até em Brasília encontram-se alguns.
A prisão parece o ponto culminante de todo o julgamento, tantos são os réus de renome e importância política. Uns precisarão apenas dormir nos presídios, passando o dia fora. Outros, porém, estão condenados ao regime fechado. Ignora-se a possibilidade de ocuparem celas comuns a outros presidiários, mas a hipótese permanece em aberto, na dependência das condições de cada penitenciária a que forem destinados.
Nos primeiros meses, serão objeto da curiosidade geral, a começar pela imprensa, mas com o passar do tempo estarão inseridos no conjunto da massa carcerária. Todas essas etapas demonstram que a Lei e a Justiça, não obstante tantos percalços, ainda prevalecem entre nós.
VESTIDO DE ALMIRANTE
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso endereçou ontem à presidente da Academia Brasileira de Letras seu pedido para concorrer à vaga aberta com a morte de João de Scatinburgo. O portador foi o acadêmico Celso Lafer, seu ex-ministro de Relações Exteriores.
Apesar da resistência de alguns imortais, prevê-se a eleição do sociólogo, bem como sua posse de fardão, espada e o que mais tiver direito. Como os demais acadêmicos, vai parecer um almirante do século XVIII. Imagina-se que será saudado pelo maior de seus cabos eleitorais, José Sarney.
Os poucos que contestam sua candidatura indagam com que credenciais ele se apresenta, a ser verdadeiro o pedido feito antes de sua posse no palácio do Planalto, sobre esquecerem tudo o que ele havia escrito.
Se os livros do passado não contam, os três escritos depois que deixou o poder bastariam?
27 de março de 2013
Carlos Chagas
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