Foto: Sérgio Lima / Folhapress
Há dias no centro de acirrado conflito político-ideológico na Comissão dos Direitos Humanos da Câmara, o deputado Marco Feliciano (PSC-SP), diante de mais uma manifestação de grupos organizados contra sua eleição para presidente da comissão, mandou prender um dos manifestantes.Mais um motivo para aumentar a pressão de representantes das chamadas minorias contra o deputado, conhecido por defender posições conservadoras e, em alguns casos, condenáveis, como é a homofobia. Feliciano, no entanto, agiu de maneira correta.
A manifestação ultrapassou limites não só da urbanidade, mas da própria lei. Tentativas de agressão e de invasão do ambiente privado do escritório do deputado precisavam, mesmo, ser reprimidas com os instrumentos de que dispõe o Estado para garantir a segurança pública e de qualquer pessoa.
Nas últimas semanas, observa-se uma perigosa tendência de militantes, das mais diversas causas, de ultrapassar limites, com o uso da violência em atos públicos. Espera-se que as autoridades, de todas as instâncias administrativas, estejam atentas e passem a agir para desestimular esta escalada de agressividade.
A pressão até física contra a blogueira cubana Yoani Sanchez, em visita ao Brasil, foi demonstração clara da intolerância de grupelhos radicais de organizações de esquerda. A escritora teve de ser protegida por seguranças.
Outro avanço de sinal ocorreu na inauguração do Museu de Arte do Rio (MAR), quando Merval Pereira, colunista do GLOBO, quase foi agredido por uma dessas turbas, e teve o carro atacado, numa reedição tropical da ação de bandos nazifascistas contra judeus, comunistas, ciganos etc. nos tempos de Hitler e Mussolini.
Há um indubitável mau entendimento do que é democracia, regime de liberdades, em que todos têm o direito de expressar opiniões, defender visões de mundo, mas com respeito às posições divergentes e aos direitos alheios. Democracia não se confunde com anarquia, anomia, ausência de normas, falta do próprio Estado.
Há pouco, grupo de índios e manifestantes foi desalojado pela Polícia do Museu do Índio, no Rio. Alguns tentaram bloquear a Radial Oeste, uma grande via de ligação entre a Zona Norte e o Centro. Foram devidamente reprimidos. A força policial cumpria determinação da Justiça, e não havia outra alternativa diante da tentativa de paralisar uma avenida estratégica.
Outra coisa não aconteceria se fosse na Quinta Avenida ou na Champs-Elysées, em Nova York e Paris, cidades de duas das mais sólidas democracias do mundo.
Completados 25 anos ininterruptos sob a Constituição que restabeleceu o estado de direito democrático, o Brasil já deveria praticar sem desvios a convivência civilizada entre contrários, marca registrada do regime.
29 de março de 2013
Editorial O Globo
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