Existe uma energia extraordinária que passa à nossa frente e some silenciosamente, assim como silenciosamente aparece. Ilumina nossos dias e aquece nossa vida.
Calcula-se que a energia despejada pelo astro Sol sobre a superfície terrestre seja, atualmente, 10 mil vezes superior a todo o consumo mundial de energia. E, atenção, nunca se consumiu tanto.
Uma fração ínfima dessa avalanche de energia solar bastaria para substituir tudo o que se queima de petróleo e carvão, ainda economizaria imensas e caras barragens e eliminaria, por completo, a necessidade de usinas nucleares e de grandes linhas de transmissão.
É tão estratégica e importante para o equilíbrio planetário que já pode ser enxergada como a solução mais correta e viável, além de ser totalmente limpa e natural. Pesa contra ela o custo inicial, o investimento, mas, uma vez instalada, uma usina precisa de pouco, quase nada, para sequestrar o que se perde no éter e deixá-lo à disposição do homem.
Essa luta para extrair petróleo das profundezas, provavelmente, será vista pelas futuras gerações com o mesmo olhar com que nós enxergamos o homem primitivo, que lascava pedras para produzir seus meios de sobrevivência. Pelo desenvolvimento tecnológico atingido nesse estágio pela humanidade, nota-se um incrível atraso em relação ao uso dessa energia.
Depois que Arquimedes, dois séculos antes de Cristo, mostrou como, com espelhos, se podiam queimar a distância os navios adversários, pouco ou nada se fez.
POUCA UTILIZAÇÃO
Alguns painéis aquecem rudimentarmente a água de poucas e raras residências. Erraticamente se enxergam painéis dependurados em postes de vias públicas para dar energia a um sinalizador, e mais nada. Nada que aproveite o infinito potencial solar, apesar de ele ser mais limpo e sem contraindicações.
Pesa, ainda, contra a energia o status quo econômico de matriz petrolífera, maior filão de lucros no planeta. O sistema dominante ganha tanto com petróleo, diretamente e por arrecadação tributária, que se encontra a orbitar distante da necessidade de substituição do sujo pelo limpo.
Até governos que poderiam se embrenhar nessa caminhada, financiando e apostando no solar, não o fazem. Poder, Política e Petróleo são os “P” principais da nossa época. “P” deriva do hieroglífico egípcio que simboliza o homem de pé, o Pai, aquele que tem vida, força e exerce seu poder sobre os demais. Não foi por acaso que a Pedro foi dada a tarefa de erguer sobre a pedra o templo terreno da religião. E o “F” que dá início ao “Father” inglês é apenas um “P” de braços abertos, em ação. Ainda: “Power” é “Força”, confirmando a relação: homem com força = padre = homem gerador e mantenedor.
Entretanto, o futuro avança para mudanças mais equilibradas, mais sustentáveis em si só, e a letra “E” simboliza uma estrutura com base maior que os pés do homem, mais assentada em sua base, exigindo menor esforço para se sustentar, como é a energia despejada na Terra pelo Sol.
Equilíbrio, Energia e Ecologia soam melhor aos ouvidos das novas gerações. Nisso, o Sol é fundamental, adorado pelos maias, pelos egípcios e por todas as religiões, sendo ainda encontrado como divindade nas figuras solares de Zaratustra, Hórus, Apolo e do próprio Cristo – entidades que desceram à Terra para trazer força de mudança e transformá-la. O Sol desce à Terra para todos, todos os dias, e em qualquer parte da Terra se faz presente por seis meses, alternando-se entre verão e inverno.
O setor de energia solar crescerá espantosamente; certamente são a via mestre e a via divina. Enfrenta, ainda, o atraso no desenvolvimento de tecnologias. E, mais ainda, o olhar embaçado pelo petróleo das classes dominantes, políticas e financeiras.
O “homem do Petróleo”, como o “homem da Pedra” em épocas remotas, está próximo de virar objeto arqueológico. O “homem do Sol” já nasceu e cresce intensamente no meio de quem trabalha para um mundo melhor. Questão de décadas. Os jovens de hoje viverão essa Era Solar.
(transcrito do jornal O Tempo)
29 de março de 2013
Vittorio Medioli
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