O homem por trás da teoria da evolução modernaNa década e meia entre 1964 e 1980, um grupo de acadêmicos excêntricos da Grã-Bretanha e dos EUA fizeram algo extraordinário.
A partir do material pouco promissor da história natural, há muito tida como a Cinderela das ciências biológicas, eles conceberam uma ideologia tão poderosa e transformativa quanto qualquer religião ou filosofia existente até então.
Foram esses homens (e um punhado de mulheres) que puseram o "ismo" no darwinismo. Eles mostraram, com intricados detalhes matemáticos, como o inclemente processo da seleção natural pode resultar em sofisticados comportamentos colaborativos. Em seguida eles incorporaram as comunidades, inclusive a sociedade humana, ao âmbito da biologia.
Seu líder espiritual – se é possível dizer que esse bando de pessoas extremamente racionalistas teve um – foi William Hamilton. Foi Hamilton, o colecionador de borboletas filho de um engenheiro civil, que teve o insight crucial, o qual propunha que o que importa para a evolução não são organismos ou grupo de organismos, mas genes individuais.
Um gene que encoraja criaturas que contêm cópias de si próprio a colaborarem entre si prosperará, ainda que essa colaboração prejudique alguns dos colaboradores e com a condição de que as outras partes envolvidas na transação se beneficiem mais como um todo.
Já que a melhor maneira de se ter certeza de que se compartilha genes com alguém é a existência de laços de parentesco, a regra de Hamilton, nome pelo qual veio a ser conhecida, estabeleceu que o grau de auto-sacrifício altruísta que pode ser esperado é proporcional ao grau de parentesco.
Em retrospecto, isso soa óbvio, assim como grande parte das melhores ideias. Essa ideia engendrou uma ciência evolutiva que podia ser quantificada e até mesmo (devido ao fato de que boa parte dela se baseava em comportamentos) testada experimentalmente. Ideias extraídas da teoria dos jogos mostraram como entes não aparentados também podem colaborar.
No entanto, cálculos adicionais mostraram como soluções diferentes e múltiplas para problemas evolucionários podem coexistir – uma vez que nenhuma delas consegue extinguir as outras.
Hamilton encarou até mesmo a espinhosa questão do por quê da existência do sexo, uma vez que criaturas assexuadas podem se reproduzir com muito mais rapidez do que aquelas que cruzam. (Trata-se, ele sugeriu, de uma queda de braço entre hospedeiros e parasitas.)
29 de março de 2013
Fontes:The Economist-Darwin’s retriever
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