"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 23 de abril de 2013

"A CLASSE MÉDIA TÍPICA ESTÁ MAIS ENDIVIDADA"

 
A classe B, com rendimentos entre R$ 3,7 mil e R$ 7,4 mil, endividou-se bastante e terá de consumir menos no ano, segundo reportagem de Márcia de Chiara no Estado de domingo. É uma indicação de que o crescimento da economia dependerá ainda mais da classe C e também de que poderá ser mais difícil que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha alta de 3%, como preveem os analistas.
 
A classe B, segundo a consultoria IPC Marketing, respondeu por 50% do consumo de produtos e serviços, em 2012, e responderá por 48,5%, neste ano. Em valores nominais, ou seja, sem descontar a inflação, consumirá 6,6% mais em 2013, enquanto o consumo total deverá crescer 9,9%. Participação maior terão tanto a classe C (de 26,7% para 27,9%) quanto a classe D (de 4,1% para 4,2%) e a classe A (de 18,9% para 19,2%).

Inflação e endividamento estão pesando mais sobre a renda das famílias. Numa mostra ampla sobre o endividamento, sob a responsabilidade da Confederação Nacional do Comércio (CNC), foi constatado que entre março e abril passou de 61,2% para 62,9% o porcentual de famílias que declararam ter dívidas em seis modalidades: cartão de crédito, cheque especial, carnês, empréstimos pessoais, prestação de carro e seguro.

As duas primeiras modalidades têm custos muito elevados; as duas seguintes, custos altos; e só as duas últimas modalidades têm custos módicos.

Cerca de 1/3 dos endividados declara que tem dificuldades para pagar as dívidas e mais de 10% não terão condições de saldar os compromissos. Ainda assim, a economista Marianne Hanson, da CNC, acredita que a inadimplência está sob controle. Análise semelhante é feita pela Serasa Experian, que vem registrando queda da inadimplência.

Como notou Marcos Pazzini, da IPC, famílias que estavam na classe B passaram para a classe A, ao mesmo tempo que famílias da classe C passaram a incorporar a classe B. Isso permite concluir que a classe média típica está de novo espremida entre as classes A e C, sofrendo mais intensamente com a crise.

Em face das incertezas quanto à inflação, a saída natural para a classe B - e, talvez, também para a classe C - é reduzir o endividamento. Muitas famílias, de fato, já começam a agir assim, como se depreende do aumento líquido de R$ 12,5 bilhões dos depósitos de poupança, aplicação típica da maioria da população.

A redução do endividamento, se ocorrer, criará condições mais favoráveis à retomada do crescimento.

23 de abril de 2013
Editorial de O Estado de São Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário