Este texto é a primeira parte de um artigo longo sobre os novos nomes da política Americana.
A constituição de um país é o tipo de documento que supostamente mantém o corpo legislativo e os poderes dados ao presidente sob controle da população.
A constituição Americana foi um exemplo de modernidade e senso de individualidade em um mundo tomado por nações regidas por monarcas. Foi também uma garantia de que gerações futuras não teriam de sofrer o tipo de abuso governamental que a geração da época conheceu.
A constituição estaria presente sempre, para relembrar membros do governo federal que a centralização de qualquer tipo de poder deveria ser combatida a qualquer custo.
Desde a época em que o documento foi escrito em 1787, o conceito básico de liberdade individual já era relacionado à prosperidade. Afinal, apenas com liberdade individual que comunidades conhecem o valor do apoio mútuo, do trabalho e do esforço pessoal.
NOTA: Não me venham falar a respeito dos tantos escravos que os autores da constituição tinham; a ignorância relacionada ao conceito de individualidade ir além do homem branco era tão difundida na época quanto a ideia atual de que Lula foi um grande presidente.
Também não me venha com choramingo a respeito de como Thomas Jefferson expandiu o poder do governo federal ao adquirir as terras que viriam a ser os estados de Arkansas, Oklahoma, Missouri, Kansas, Nebraska, as Dakotas, o Colorado, etc, etc… imaginem o mundo sem o cheeseburger!? Inventado no Colorado por Lionel Sternberger, que provavelmente não teria sido inventado se não fosse pela competitividade inata nos Americanos desde sempre. FIM DA NOTA.
Enfim. A constituição, esse pedaço de papel maneiro que diz que o tal do Americano comum tem direito à privacidade, direito de manter propriedade, direito a um julgamento justo e a garantia que o governo federal não iria cobrar impostos de nenhum cidadão, ainda existe.
O problema é que, com o tempo e a evidente influência que tipos como o tal do John Maynard Keynes tiveram na cabeça dos governantes do país, a constituição foi esquecida. Quem notou o óbvio desequilíbrio entre o que a constituição declara e o que o governo de fato representa na vida do cidadão comum, passou a ser visto como “reacionário”.
Por conta da história romântica envolta da criação dos Estados Unidos da América, aqueles que em tempos modernos insistem em tentar preservar o que a constituição exige, costumam serem tachados de velhotes lunáticos e irresponsáveis, mas isso tudo mudou depois que um cidadão de madeixas encaracoladas e ruivas adentrou do “floor of the senate” com um número quase espantoso de votos dos seus constituintes de Kentucky: Rand Paul.
Sim, ele mesmo, o filho do Ron.
Ele era do movimento “tea party”, ou libertário, que tem ganhado espaço dentro do “Grande Partido Antigo” (GOP), ou partido Republicano. Como um orador coerente e muito mais austero que o pai, Rand Paul ganhou espaço na ala conservadora. Isso já era de se esperar já que muito do movimento libertário é abraçado pela ala conservadora por conta de um ponto que os dois grupos pensam ser importantes: a liberdade econômica.
O mais incrível foi como Paul ganhou espaço com a garotada que, com razão, está cansada da posição covarde e incoerente que o presidente Barack Obama assumiu desde quando tomou o poder.
No dia em que o senado planejava votar para aceitar ou não a nomeação de John Brenner como diretor da Agência Central de Inteligência (C.I.A.), Rand Paul assumiu o piso e tomou a nomeação como refém, uma conduta chamada de “filibuster”: procedimento parlamentar mantido geralmente por um senador representante da minoria que visa a ampliação da discussão do tema e possível mudança do resultado da votação.
O motivo pelo qual Rand Paul tomou o piso é simples: o direito dado aos Americanos pela constituição do país diz que o indivíduo tem o direito a um “julgamento público e o direito de ser julgado por um júri de seus pares”.
Barack Obama e sua política bisbilhoteira de uso de veículos aéreos não tripulados (drones) fora do país para fins pouco justificáveis até sob a Lei da Guerra, estaria tomando força dentro de casa. Americanos considerados perigosos por discordar do governo, por exemplo, poderiam ser os alvos do novo programa “anti-terror” sem terem a oportunidade de serem julgados por um júri de seus pares.
Rand Paul notou que, se a discussão não fosse trazida à tona, o Americano comum não teria acesso a essa informação repassada de forma coerente e responsável.
Durante as treze horas que o senador tomou o senado como refém, seu objetivo se mostrou ainda mais claro. Paul sabia que no momento em que o Americano contemporâneo aceitar abrir mão de seus direitos constitucionais para que um governante tenha poderes ilimitados e irrevogáveis, o chefe de Estado passa a não mais trabalhar para o povo; o povo trabalha para o chefe de Estado.
O que Rand Paul fez foi colocar os holofotes sobre uma discussão tachada de banal e constrangedora, mas que se friamente revisada, é mais do que justificável: ninguém pode tomar para si o papel de júri, de juiz e de carrasco.
23 de abril de 2013
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