Capadócio: que ou aquele que é pouco inteligente; ignorante; burro
Jorge nasceu na antiga Capadócia, região do centro da Anatólia que, atualmente, faz parte da República da Turquia.
Ao atingir a adolescência, Jorge entrou para a carreira das armas e logo foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade - qualidades que levaram o imperador a lhe conferir o título de conde da Capadócia.
Nesse tempo sua mãe faleceu e ele, tomando grande parte nas riquezas que lhe ficaram, foi-se para a corte do Imperador Diocleciano.
Em 302, Diocleciano (influenciado por Galério) publicou um édito que mandava prender todo soldado romano cristão e que todos os outros deveriam oferecer sacrifícios aos deuses romanos. Jorge foi ao encontro do imperador para objetar, e perante todos declarou-se cristão.
Não querendo perder um de seus melhores tribunos, o imperador tentou dissuadi-lo oferecendo-lhe terras, dinheiro e escravos. Como Jorge mantinha-se fiel ao cristianismo, o imperador tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos.
E, após cada tortura, era levado perante o imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar os deuses romanos. Finalmente, Diocleciano, não tendo êxito, mandou degolá-lo.
Era ou não era um capadócio?
Jorge é um santo muito venerado mundo afora e aqui no Brasil, por um motivo especial: é sincretizado na forma de Ogum, na mitologia yoruba, o orixá ferreiro, senhor dos metais, que forjava suas ferramentas, tanto para a caça, como para a agricultura e para a guerra.
Ogum foi provavelmente a primeira divindade cultuada pelos povos yorubá da África Ocidental. Um de seus vários nomes é Oriki ou Osin Imole, que significa o "primeiro orixá a vir para a Terra".
Era um guerreiro que brigava sem cessar contra os reinos vizinhos. Dessas expedições, ele trazia sempre um rico espólio e numerosos escravos. Guerreou contra a cidade de Ará e a destruiu.
Saqueou e devastou muitos outros estados e apossou-se da cidade de Irê, matou o rei, aí instalou seu próprio filho no trono e regressou glorioso, usando ele mesmo o título de Oníìré, "Rei de Irê".
Bonzinho esse tal de Ogum, né?
Aí nós chegamos a Jorge Babu, ex-policial civil eleito vereador pelo PT em 2000 e 2004.
A ficha dele é boa:
Em 2004, foi preso pela Polícia Federal, juntamente com Duda Mendonça, ex-marqueteiro de Lula, numa rinha de galos, atividade considerada crime ambiental no Brasil. Solto algum tempo depois, enfrentou processo de expulsão do partido, aberto pelo deputado estadual Alessandro Molon. No entanto, o partido decidiu apenas suspendê-lo por 45 dias.
Candidato a deputado estadual, Babu foi eleito em 2006, conquistando a última vaga do PT, ironicamente, graças à alta quantidade de votos recebida por Molon, por causa do sistema de representação proporcional.
Ainda em 2008, Babu foi denunciado pelo Ministério Público por formação de quadrilha e extorsão. O deputado foi acusado de chefiar um grupo de milícias na Zona Oeste. Em janeiro de 2009, a Executiva Nacional do PT decidiu, por unanimidade, expulsá-lo do partido.
Em 2010, foi demitido do cargo de inspetor de polícia do Rio de Janeiro, em função de responder a processo por formação de quadrilha e concussão (extorsão praticada por funcionário público). Sua demissão foi assinada pelo secretário estadual de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame.
Em setembro de 2010 Jorge Babu foi condenado pela justiça estadual do Rio de Janeiro a sete anos de reclusão por formação de quadrilha e integrar milícia quando ainda fazia parte da polícia militar.
Um sujeito tão bonzinho não poderia deixar de ser religioso ao extremo, sempre ligando sua figura política à imagem de São Jorge, tanto que a lei que decretou feriado em homenagem ao santo em 23 de abril, no Rio de Janeiro, é dele.
Detalhe da coerência: 23 de abril de 303 foi o dia que Jorge foi decapitado. Nada mais propício, vindo de quem vem.
E nada mais despropositado que esse feriado infeliz!
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