"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 30 de abril de 2013

HORA DA CORAGEM, CONVICÇÃO E DISCERNIMENTO


Nesta atualidade cretina de "politicamente corretos" e frouxos, o que está faltando mesmo é coragem. Coragem para sustentar convicções e posições. O que nos falta é convicção e discernimento.
Os australianos têm trezentos anos menos do que nós. Mas não renegam sua cultura nem querem ser "bonzinhos" como os cumpanhêrus, que dilapidam do que é nosso para fazer média com os cumpañêrus igualmente idiotas, igualmente primários, igualmente iludidos, igualmente alienados, dos países vizinhos, vítimas, como os nossos, da própria ignorância, tão conveniente para os não menos ignorantes no poder. Ignorantes, mas astutos...
Coisas simples, básicas, são esquecidas. Como princípios, por exemplo. Ou ética. Ou honestidade. Ou senso de justiça. Que conveniente (e inócuo) protestar contra Guantánamo, sem o correspondente protesto contra as prisões da Coréia do Norte ou a pena de morte na China. Verdade, seria igualmente inócuo (quem vai ouvir-nos com nossa história recente como referência?), mas, pelo menos, seria um pouco mais equilibrado e menos tendencioso, menos recibo de alienação...
Pergunto: se uma mulher com convicções não se recusasse a tratar com marginais, a junta Argentina teria caído? "A palavra de Margaret Thatcher tinha valor", disse Putin. Quer melhor tributo que a homenagem de um dos adversários? Gozado é que o mesmo argentino que gritava "Dale, Leo!", hoje aplaude o julgamento do Leo... Melhor agiram as Madres da Plaza de Mayo. Tinham mais cohones que los hombres!
Estadistas são estadistas e marginais são marginais.
O voto não canoniza nem coloca ninguém acima da lei. Não dá direito a furtar, a enganar, a mentir, a apropriar-se do bem e do suor dos que trabalham.
Como somos idiotas! Ainda acreditamos que botar no papel é tudo o que basta; que o respeito pode ser conseguido por decreto; que o que luta por suas convicções é só um chato que perturba... Acreditamos que o governo deve ser bonzinho congelando preços e imprimindo dinheiro para dar ao povo...
Realmente, o Jabor nos retrata muito bem. Somos babacas. Cordeirinhos que se indignam com as coisas erradas, mas só até a hora da cervejinha. Somos brasileiros, mas só de quatro em quatro anos – e até a primeira derrota da seleção...
Olhem a diferença entre as palavras do premier da terra do down under e as do nosso patriota das relações exteriores, que de patriota só tem o sobrenome...
Verdades não usam disfarce, nem sandália havaiana de um lado, nem terno Armani do outro. Verdades andam nuas e descalças, como as palavras do australiano.
Ou será que devemos abri as portas para um grosseirão fazer cocô na nossa sala? Ah, dirão os politicamente corretos, no jardim pode...
Qual o nosso problema? Nos faltam cohones para agir, para gritar, para protestar?

30 de abril de 2013
João Guilherme é Empresário.

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