"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 30 de abril de 2013

A DENTISTA QUEIMADA E O NOSSO BAOBÁ

 

bao1

Outro “de menor” que já tinha sido preso e solto várias vezes antes foi quem tocou fogo na dentista na semana passada.

Ou melhor, foi quem assumiu o crime do qual participaram outros três “de maior”. Como ele faz 18 anos em junho, as televisões não podem dizer sequer que ele foi “preso“. Ele foi só “apreendido” e não por um crime hediondo, mas por um mero “ato infracional”.

No máximo em três anos estará solto para queimar mais um, e com a ficha tão limpa quanto a sua ou a minha.

Esse Estatuto da Criança e do Adolescente que enfiam goela abaixo de uma Nação que o rejeita de cabo a rabo não se contenta só com a subversão dos fatos. Insiste principalmente na subversão semântica e conceitual.
Quer confundir as suas idéias sobre o que é certo ou errado; sobre quem é a vítima e quem é o criminoso; sobre o que é e o que não é um crime.

Tudo isso faz lembrar os carrascos de Stalin que não se contentavam em dar o tiro na nuca do inocente que incorria nas paranóias do chefe num porão e acabar logo com isso.

bao3
Não bastava, sequer, que a vítima confessasse o que nunca tinha feito.
Eles trabalhavam incansavelmente na tortura até que, exausta e com o senso crítico despedaçado, ela acreditasse na confissão falsa que lhe tinham arrancado e na culpa que não tinha e pedisse para ser fuzilada em nome da salvação da revolução.

Foram essas profundezas abissais da alma humana que Arthur Koestler explorou magistralmente na sua obra prima “O Zero e o Infinito” que dramatiza os Processos de Moscou, o marco que separa a esquerda honesta da outra que continua vagando até hoje por aí, nos quais Stalin definiu o que é o socialismo real ao assassinar todos os seus antigos companheiros de revolução e potenciais substitutos no poder (aqui).

O ECA e todo esse movimento do “politicamente correto” que quer controlar não apenas o seu modo de falar mas principalmente o seu modo de pensar desde sobre o que você come até sobre quem você come, passando por tudo que ha no meio, deitam nesse precedente as suas raízes que, numa terra tão inculta e ha tantos anos afofada e “enriquecida” pelo adubo granmsciano quanto esta nossa, mergulham a profundidades inextirpáveis.

bao4
P.S.: Para quem não se lembra o leitor Luiz Barros transcreve, no espaço para comentários deste texto, o trecho do livro de Saint Exupéry que diz respeito aos baobás. Obrigado, Luiz.



30 de abril de 2013
vespeiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário