Na busca de atender a "voz das ruas" e reduzir o desgaste provocado pelas manifestações na imagem do governo e do país, a presidente Dilma reúne hoje com 27 governadores e 26 prefeitos de capitais para tentar fechar um pacote de medidas nas áreas da saúde, educação, mobilidade urbana e transparência.Antes do encontro, ela deve receber lideranças do MPL (Movimento Passe Livre), que deflagrou a onda de protestos pelo país.
Além das medidas, o governo também passou a avaliar fazer uma reforma ministerial durante o recesso do Congresso, no mês de julho --mas a decisão não foi tomada. Segundo a Folha apurou, a ordem da presidente à sua equipe é fechar medidas concretas já na reunião de hoje e nos próximos dias. A avaliação do Planalto é que, se os agentes públicos ficarem só no discurso, as manifestações vão continuar país afora.
A pressa do Palácio do Planalto está relacionada ainda a pesquisas reservadas feitas por partidos aliados que já registram novas quedas na aprovação de Dilma. A última pesquisa do Datafolha mostrou recuo de oito pontos na sua aprovação.
O governo vai anunciar aos governadores e prefeitos a criação de mais 2.000 vagas para médicos-residentes e um plano de construção de hospitais e compra de equipamentos hospitalares no país. As novas vagas para residência terão anúncio oficial amanhã. O Ministério da Saúde também vai lançar o programa Mais Médicos Brasil, para trazer profissionais formados no exterior.
Na reunião, Dilma também reforçará a intenção de tirar do papel as obras do Plano Nacional de Mobilidade Urbana, que deveriam estar a todo vapor para a Copa do Mundo, mas não decolaram. Defenderá ainda a criação de um Plano Nacional de Governo Transparente, ampliando o alcance da Lei de Acesso à Informação. Pedirá também o apoio de governadores e prefeitos para aprovação de projeto no Congresso que destina todos os royalties do petróleo do pré-sal para a educação. O governo quer ainda definir um plano de combate à violência no país e acertar com os participantes formas de coibir as arruaças.
A presidente tem sido aconselhada pelo ex-presidente Lula a fazer mudanças em seu governo, buscando reforçar a credibilidade na área econômica e retomar a interlocução com o empresariado, lideranças políticas e de movimentos sociais. Segundo petistas, na conversa Lula disse a Dilma que é preciso reagir, sob pena de correr o risco de "perder a eleição no próximo ano". Assessores reconhecem este como o pior momento da chefe, mas dizem que é preciso ter sangue frio e confiar que a economia começará a registrar números positivos. Dilma passou o dia reunida com sua equipe para preparar a reunião de hoje.
(Folha de São Paulo)
24 de junho de 2013
in coroneLeaks
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